Medicina da USP proíbe festa e quer ‘álcool zero’

Por Anna Monteiro, da ACTbr.

 

A diretoria da Faculdade de Medicina da USP irá propor a suspensão de festas dentro do campus, a proibição total de venda e consumo de álcool e até mesmo uma mudança na grade curricular de ensino.

As propostas, às quais a Folha teve acesso, fazem parte de um pacote de medidas para tentar coibir situações de abuso dentro do campus.

As medidas serão apresentadas na próxima quarta (26) pela diretoria da faculdade em reunião da Congregação de Medicina da USP. Nos bastidores, a expectativa é que o projeto seja aprovado.

A decisão ocorre após três alunas de medicina relatarem, em audiência pública, terem sido vítimas de estupros em festas dentro da faculdade.

Os relatos desencadearam uma crise na instituição –estudantes disseram que sofreram pressão “para não manchar a imagem” da faculdade.

Agora, a ordem difundida nos bastidores é “ser mais intolerante” com qualquer caso de abuso dentro do campus, segundo a Folha apurou.

 

VETO DEFINITIVO

Com isso, a diretoria pretende vetar de forma definitiva todas as festas nas quais haja consumo de bebidas alcoólicas. O programa deve ser chamado de “Álcool zero”.

A iniciativa, porém, terá uma prévia nesta semana. Uma portaria, assinada pelo diretor José Otavio Costa Auler Junior na segunda (17), suspendeu por uma semana todas as festas na dependências da faculdade de medicina.

A decisão impede a realização da festa “Quarta Insana”, organizada pelos centros acadêmicos de medicina, nutrição e enfermagem e prevista para ocorrer na noite de hoje (19/11). Alunos cancelaram o evento. “Não tem clima para festa”, disse um deles.

Outra medida definida pela faculdade é alterar a grade curricular para incluir temas de direitos humanos.

Relatório da comissão formada para investigar as denúncias também apontou problemas de segurança, uso de drogas e abusos físicos em festas. Para contornar o problema, a direção quer ampliar o sistema de câmeras e irá incentivar o trote solidário.