Ministro protecionista francês quer taxa de carbono
Valor Econômico – 17/05/2012
A França terá o primeiro governo paritário entre homens e mulheres na história do país, dominado por moderados, multirracial, jovem e representativo também de territórios franceses no exterior. Mas também protecionista.
Pierre Moscovici, chefe da campanha de Hollande, será o novo ministro da Economia, com a tarefa de reduzir o deficit público para 3% do PIB no ano que vem, algo que o mercado reluta em acreditar. Ao mesmo tempo, deve lançar programas de crescimento numa economia combalida. O ministro do interior será Manuel Valls, um espanhol naturalizado e em ascensão na vida política francesa.
O ministro das Relações Exteriores é o ex-premiê Laurent Fabius, que fez campanha pelo “não” ao Tratado da Constituição europeia em 2005 e causou grande racha no Partido Socialista. Até há pouco inimigo político de Hollande, ele será o número dois do governo.
Marisol Touraine, filha do famoso sociólogo Alain Touraine, e com uma importante carreira política, vai comandar o Ministério de Assuntos Sociais e Saúde.
O mais polêmico é o titular do novo Ministério da Recuperação Produtiva, Arnaud Montebourg, que foi candidato na eleições prévias socialistas para a Presidência sob a bandeira da antiglobalização. Ele contrabalança a imagem social-liberal de Hollande.
O ministro quer reabilitar a ideia de um “novo protecionismo social e ambiental europeu” para frear países emergentes, o que inclui uma taxa de carbono. O governo anterior, de Nicolas Sarkozy, chegou a aventar essa taxa, mas não avançou no tema.
O maior alvo é a China, mas uma guinada protecionista pode afetar também exportações do Brasil, se o resto da Europa seguir o novo tom francês. Para Montebourg, isso é necessário porque os concorrentes são também “protecionistas, dirigistas e intervencionistas”.
Para combater a desindustrialização da França, o novo ministro rejeita o plano alemão, que define como diminuir a proteção social e baixar os salários.
No primeiro conselho de ministros, hoje, o governo apresentará um decreto reduzindo 30% do salário do presidente e dos ministros. É o oposto do governo anterior, quando Nicolas Sarkozy, no primeiro mês, aumentou seu salário em 170%, alegando que era muito baixo em comparação aos parceiros estrangeiros.