Mobilizados contra a Aids
Correio Braziliense – 02/12/2011
Semana de prevenção e combate à doença é aberta com programação ampla. Palestras, vídeos e realização de testes gratuitos fazem parte da campanha, que começou na terça-feira. DF é o 26º lugar do país no registro de casos
Na semana em que se comemora o Dia Mundial de Combate à Aids — 1º de dezembro —, a campanha “Seja qual for o seu parceiro, use sempre camisinha”, iniciada na última terça-feira, mobilizou os brasilienses. Ontem, frequentadores da Rodoviária do Plano Piloto e do Parque da Cidade puderam realizar testes rápidos e gratuitos para diagnosticar a doença. Hoje, haverá palestra com especialistas da Universidade de Brasília (UnB) e da Secretaria de Saúde (SES-DF) sobre o tema. O Distrito Federal, que ocupa o 26º lugar no país em número de casos, conta com campanhas fixas para combater o vírus. De 1985 a 2010, foram registrados 7.408 casos.
A Semana Distrital de Prevenção da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (Aids) e demais Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) trouxe uma programação variada, com palestras, testes e distribuição de material informativo por estudantes da rede pública . Na terça-feira última, a Gerência de DST-Aids da SES-DF divulgou o boletim epidemiológico com a situação da capital federal. De 2000 a 2010, o número de mortes relacionadas à doença caiu de seis para quatro, em um coeficiente de mortalidade por 100 mil habitantes. A ampla oferta de medicamentos antirretrovirais é apontada como uma das causas da mudança do quadro. Do total de infectados, 5,3 mil são homens e 2.108, mulheres.
Para alertar a população, uma equipe da SES distribuiu ontem panfletos explicativos na Rodoviária, onde o estande montado em um trailer chamou a atenção de quem passava. Os testes para diagnosticar a doença eram feitos em cabines apropriadas. O jardineiro Manoel Barbosa de Jesus, 62 anos, viu a movimentação e resolveu parar. “Não dá nada, vai ser rápido”, comentou. Solteiro, Manoel garante que se preocupa com a saúde. “Com certeza, está tudo bem comigo, mas vou fazer o teste assim mesmo.” Instalado no início da tarde, o estande funcionou até as 16h. Segundo a enfermeira Lidiane Andrade, responsável por organizar as campanhas da SES-DF, 124 pessoas se submeteram ao teste. “Até agora, nenhum resultado deu positivo”, comemorou. À noite, o trailer estacionou no Bar Barulho, conhecido ponto de encontro de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBTs), no Parque da Cidade.
Muito movimentado, o estande da Rodoviária funcionou até o fim da tarde de ontem. Homens e mulheres buscaram informações e o diagnóstico rápido. Após “pular a cerca”, como ele mesmo disse, sem proteção, o instrutor de autoescola José de Arimatéia de Santos Junior, 28 anos, aproveitou a campanha para fazer o teste. “Eu me preocupo bastante com a minha saúde, mas na hora não tinha camisinha e eu nem pensei”, contou. “Só tive três parceiras este ano e namorei duas vezes, então não estou preocupado com o resultado.”
Um rapaz de 28 anos que preferiu não se identificar resolveu fazer o teste após ver anúncios na mídia. Solteiro, ele contou que usa camisinha, mas às vezes comete deslizes. “Se estiver doente, é bom saber logo para começar o tratamento”, avaliou. Com o resultado negativo em mãos, uma autônoma de 21 anos que também quis o anonimato e fez o teste contou: “Costumo me proteger, mas não usei”. Ela própria admite o erro: “As pessoas têm acesso à informação. Não usam porque não querem”.
Segundo a organizadora, os testes para detectar o vírus da Aids não param só nas campanhas. O trailer tem estacionamento fixo no Setor de Diversões Sul (Conic) e no Parque da Cidade, no Estacionamento 11. “O atendimento é constante. O movimento foi muito grande hoje (ontem) por conta da divulgação. Além dos testes rápidos, temos o atendimento no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) na Rodoviária, onde são realizados os diagnósticos para Aids, DSTs e Hepatites B e C. Os centros de referência também atendem a população”, explicou.
Vídeos
Na quarta-feira, começou a ser veiculado um vídeo, com a duração de 30 segundos, nas redes de televisão. Hoje, das 8h às 12h, a semana da campanha será encerrada com uma palestra na Sala 5 do Bloco Educacional do Câmpus Darcy Ribeiro, na UnB. Participarão representantes da SES-DF, da UnB e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Serão discutidos os fatores associados ao óbito por Aids no DF e a vulnerabilidade às DST e HIV de homens que fazem sexo com homens.
O programa de combate à Aids no Brasil é financiado pela Agência Internacional de Desenvolvimento dos Estados Unidos (Usaid), em parceria com o Ministério da Saúde. Por meio do Espaço de Prevenção de Ação Humanizada (Epah), a verba é distribuída entre quatro capitais: Brasília, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Cada uma tem o seu parceiro local. Em Brasília, foram firmadas parcerias com o Hospital Universitário (Hub) e ONGs LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros). Para o vice-embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, as campanhas são sumamente essenciais. “Todos devem ser testados. Com o tratamento, a qualidade de vida dos soropositivos aumenta. Com o teste, tem-se a certeza da saúde. É importante para os EUA ser parceiro, poder ajudar com esse trabalho”, enfatizou.
Acompanhe
O teste para diagnosticar o vírus da Aids pode ser feito às quartas e quintas-feiras, das 19h às 23h, no Conic; e às quintas-feiras, das 19h às 23h, no Estacionamento 11 do Parque da Cidade. Duas vezes por mês, o teste rápido segue para cidades satélites do DF.