“O problema não é o SUS, e sim o mercado”, diz pesquisador do IPEA

Bruno de Pierro, via Brasilianas.org
Embora carregue no nome a palavra “único”, o Sistema Único de Saúde (SUS), criado em 1988, com a instituição da Constituição Federal, ainda está longe de ser um sistema universal de saúde e de proteção social. Não que o sistema brasileiro esteja no caminho errado, porém, diante do avanço da privatização e do mercado de planos de saúde, o SUS tem, paradoxalmente, como maior desafio a ser vencido tornar-se finalmente unificado. Em SUS: o desafio de ser único, livro recém-lançado pela Editora Fiocruz, o economista e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) Carlos Octávio Ocké-Reis discute a complexidade da relação entre o sistema público e o mercado de planos de saúde e mostra que a implementação do SUS necessita de transformações estruturais e novo modelo de desenvolvimento.

As veias abertas do SUS

Em entrevista ao BoletIN do Laboratório de Pesquisas sobre Práticas de Integralidade em Saúde (Lappis), a pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas e ex-presidente do Cebes Sonia Fleury falou sobre o papel do Estado e o que ela chama de “veias abertas do SUS”.
Na ocasião, condenou os princípios de mercado quando aplicados ao planejamento das ações públicas e apontou para a “crônica de uma morte anunciada”, caso não sejam avaliadas as parcerias excessivas que vêm sendo feitas com o setor privado na área da saúde. Confira a entrevista na íntegra.

Equação insustentável

Uma bomba-relógio ameaça a saúde brasileira. Até 2030, haverá mais cidadãos acima de 60 anos do que entre 18 e 49 anos. Com o envelhecimento da população, o número de portadores de doenças crônicas deve aumentar, com inevitável impacto nas contas do SUS. As despesas médicas da rede pública podem crescer até 149% nos próximos 20 anos. Quadro que deve se agravar com a manutenção da atual tendência.

Qual país tem o sistema de saúde ideal?

A Dra. Marcia Angell foi editora-chefe do New England Journal of Medicine, um dos periódicos científicos mais respeitados do mundo. Atualmente, a Dra. Angell é professora no Departamento de Medicina Social da Harvard Medical School. Sua especialização é em medicina interna e patologia. Há alguns anos atrás, a revista Time classificou a Dra. Angell como uma das 25 pessoas mais influentes dos Estados Unidos.

“Royalty só para educação destruirá o SUS”

Temporão defende o retorno da proposta original ainda do governo Lula, que incluía não só saúde, mas, sobretudo, ciência e tecnologia, outra área estratégica para a independência do país nas pesquisas e na criação de laboratórios farmacêuticos.

Sonia Fleury fala de suas percepções sobre o Sistema Único de Saúde

Autora de mais de dez livros sobre Previdência Social, políticas públicas e saúde, a ex-presidente do Cebes, Sonia Fleury, fala ao Movimento Participação Médica sobre suas percepções a respeito do SUS. “Está se criando uma mentalidade deturpada, como se o setor público fosse incapaz, e que tudo deva ser resolvido através de contratação do privado, que é bom por excelência. Isso não é verdade”, adverte.

“SUS: o desafio de ser único”

Doutor em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, pós-doutor em Ciência Política pela Universidade de Yale (EUA) e técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o pesquisador Carlos Ocké concede entrevista exclusiva ao Cebes, a respeito de sua última publicação, “SUS: o Desafio de Ser Único”.
Segundo o autor, o Sistema Único de Saúde (SUS) não vai se afirmar enquanto “a pobreza, a desigualdade, a violência e os baixos níveis educacionais e culturais da sociedade brasileira continuarem batendo à porta”.

A canalização dos recursos públicos para o setor privado

Se as eleições fossem hoje e os candidatos do setor de saúde estivessem divididos entre Público e Privado, o voto da professora titular da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (EBAPE) da Fundação Getúlio Vargas, Sônia Maria Teixeira Fleury, provavelmente seria na primeira opção. “O que está acontecendo é uma terceirização geral não só da função gerencial, mas também da atenção, que é precípua do setor público”

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