Palavra de especialista
Correio Braziliense – 19 de julho de 2012
Desafio é a falta de diagnóstico
O Brasil tem um desafio muito grande para controlar a doença. Mais de 250 mil pessoas não conhecem a sua sorologia. E quanto mais rápido a pessoa descobre que está infectada, mais cedo tem uma adesão ao tratamento e melhor o resultado. Além disso, na medida em que se aumenta o acesso a tratamento, ela zera a carga viral e diminui a possibilidade de transmitir a doença. Assim, se torna uma pessoa que não infecta, o que contribui bastante para o não aparecimento de novos casos. É preciso desmistificar a questão da testagem e capilarizar o Sistema Único de Saúde. As ações precisam ir além dos centros de saúde, precisam ir onde as pessoas estão.
Outro desafio é introduzir a gestão de risco no processo de prevenção. Às vezes, estamos fazendo o aconselhamento após o teste e o usuário diz que não consegue usar camisinha. Se não consegue, daqui a pouco poderá ser infectada. Também é fundamental avançar nos programas de profilaxia após exposição (PEP), que é uma medicação capaz de reduzir em até 90% a possibilidade de contaminação nos casos em que a pessoa teve contato acidental com o vírus. Uma série de ações combinadas, incluindo essa, o diagnóstico precoce, a gestão de risco e o alinhamento às novas tecnologias são capazes de ajudar o país a controlar a doença.
» Beto de Jesus, coordenador do programa de testagem móvel Quero Fazer