Para que serve o IDSUS?
O Índice de Desempenho do SUS – IDSUS, divulgado no dia 01 de março pelo Ministério da Saúde foi alvo de críticas e polêmicas por parte de pesquisadores e professores da área da saúde. José Carvallho de Noronha, diretor do Cebes e pesquisador da Fiocruz, em entrevista ao Canal Saúde, afirma que o índice não corresponde à realidade da saúde pública no Brasil. Segundo ele, a avaliação é reducionista por adotar notas individuais e não corresponder aos critérios de isenção, multidimensionalidade e abordagem por municípios.
Noronha também comentou sobre os impactos do estudo para a população brasileira e disse não acreditar muito em indicadores únicos. A nota divulgada de 5,47% dado em âmbito nacional, segundo ele, não explica muita coisa. 2,8% dos municípios tiraram notas acima de sete, “mas essa nota tem que dizer alguma coisa, tem que ter um significado, mas ela não mede”, afirma o pesquisador.
O diretor do Cebes faz uma analogia com a saúde de um paciente para explicar a questão do IDSUS, “se eu não consigo dar nota para a saúde de uma pessoa, imagina para um município, o ideal é se avaliar cada critério, como se faz com um paciente ao se analisar os sintomas”, diz ele.
O Ministério da Saúde tem feito avaliações isoladas, segundo critérios, que é o ideal, mas o IDSUS soma consulta pré-natal, com dados de escovação supervisionada, mamografias e isso não faz sentido, afirma Noronha. Ele também critica a abordagem por municípios. O próprio governo, segundo ele, tem um decreto do ano passado que estabelece que a saúde deve ser analisada por redes assistenciais e por regiões de saúde, e não por municípios.
O professor e pesquisador sugere para as próximas avaliações acabar com a nota individual e se adotar conceitos. E conclui, “se é para avaliar a saúde no Brasil, deve-se avaliar ela como um todo, tanto o SUS quanto os planos privados e ver qual é o resultado conjugado”.