Ex-presidente da Fiocruz: ONU precisa dar respostas múltiplas à pandemia
A ONU tem que discutir na sua assembleia geral de setembro as respostas múltiplas à pandemia. A afirmação é de Paulo Buss, diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz, que revelou no programa Cebes Debate (24/01) a apresentação pela Federação Mundial de Associações de Saúde Pública de uma moção neste sentido na reunião do Conselho Executivo da OMS. O documento será encaminhado ao presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Abdulla Shahid, com cópia para o secretário executivo António Guterres.
A proposta, discorre Paulo Buss, é que seja feita uma reunião durante a assembleia da ONU para debater as causas múltiplas da pandemia que é muito mais do que um problema sanitário. De acordo com Buss, que também é ex-presidente da Fiocruz, o que está sendo pedido é a adoção de uma política integrada, harmônica, articulada, do social, econômico, ambiental, político e ético.
Paulo Buss e o deputado Paulão (PT/AL) participaram do programa Cebes Debate realizado na segunda-feira (24), quando se discutiu o tema sobre os lucros e dividendos da pandemia no Mundo. Os dois debatedores apresentaram visões complementares sobre o tema e concordando na afirmação de que se podemos considerar como ganho, quem mais lucrou com esta pandemia foram os acionistas da indústria farmacêutica.
Paulo Buss lembrou que “o mundo vem perdendo gente e ganhando infelicidade” e defendeu a proposta de uma ampla mobilização para que este debate seja levado a todos os país por meio da ONU. O deputado Paulão fez uma abordagem mais doméstica, lembrando o desastre social e econômico provocado por um governo negacionista e criminoso e o mau uso dos orçamentos federal, estadual e municipal.
Eles abordaram também a necessidade da quebra de patentes é uma prioridade para que se possa alcançar resultados de maior equidade e justiça social. Paulo Buss disse que o especialista em doenças infecciosas e um dos principais assessores do governo Biden, o imunologista Anthony Fauci, virá ao Brasil no Dia Mundial da Saúde participar de um seminário e um dos assuntos a serem tratados com ele que, além de liberar patentes, o importante é a transferência de tecnologia e conhecimento.
Paulo Buss, enfatizou que foram frustradas todas as iniciativas dos grandes organismos mundiais como Banco Mundial, OMC, FMI, Unicef quase que implorando para os países ricos do G7 liberarem recursos para compra e distribuição de vacinas. Daí, a iniciativa dos movimentos sociais de apresentar esta moção para a reunião durante a assembleia da ONU.
O deputado Paulo Fernando dos Santos, o Paulão, fez coro no discurso que aponta a enorme concentração de riqueza nas mãos de poucos bilionários no mundo todo. Ele lembrou que existem hoje empresas tão poderosas econômica e politicamente que não tem pátria definida e estão acima de vários países, dentre estas a indústria química.
Trazendo o debate para o Brasil, o deputado destaca que nosso maior problema é a desigualdade social e a concentração de renda nas mãos de poucos. Para Paulão, a maior colaboração que a classe política poderia dar é a regulação do orçamento público que deveria priorizar as políticas públicas que atendessem à necessidade da maioria da população, com o Estado exercendo seu papel de provedor social, intervindo naquilo que possa prover o bem-estar de todos e todas. Mas, na visão do deputado, não é isto o que acontece no parlamento, seja federal, estadual ou municipal.
O programa Cebes Debate é apresentado todas as segundas feiras, às 17h, ao vivo, no canal do Youtube do Cebes.
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