Paulo Gadelha toma posse em seu segundo mandato como presidente da Fiocruz
Por Ricardo Valverde/ Agência Fiocruz de Notícias
O presidente reeleito da Fiocruz, Paulo Gadelha, tomou posse nesta sexta-feira (1º/3) para o seu segundo mandato à frente da instituição. Reeleito pelos servidores da Fundação em novembro, Gadelha foi reconduzido ao cargo por decreto da presidente Dilma Rousseff e empossado em cerimônia no campus de Manguinhos que contou com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ao discursar, Padilha disse que o processo democrático e participativo da Fiocruz, reafirmado com a solenidade de posse, é um exemplo para outras instituições e reforça o papel singular que a Fundação ocupa na História do Brasil. “Temos uma noção exata do que a Fiocruz passou a representar para a saúde e a ciência nos últimos dez anos, ao ganhar uma dimensão ainda maior do que já tinha. E na próxima década, com tudo que está planejado e será investido, passará a ter mais destaque, contribuindo para tornar o país menos desigual e iníquo”.
Bastante emocionado, o que o levou a interromper o discurso em diversas ocasiões, Gadelha agradeceu a confiança depositada nele pelos servidores, que o reelegeram, e exclamou que “a intimidade e a familiaridade que me unem a Manguinhos mesclam-se com o sentimento de uma enorme responsabilidade de projetarmos um legado, que é patrimônio nacional, e realizar expectativas”. A cerimônia contou com a participação do secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Hans Dohmann, do diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Dirceu Barbano, dos deputados federais Jandira Feghali e Darcisio Perondi, do secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luiz Antonio Elias, de presidentes de associações do setor saúde (públicas e privadas), de representantes de comunidades do entorno da Fundação e do presidente do Sindicato dos Servidores da Fundação (Asfoc-SN), Paulo Garrido.
Ao fazer uma correlação entre a atuação e o crescimento da Fiocruz nos últimos dez anos e a situação nacional, Padilha observou que expansão da cobertura de atenção básica à saúde, que neste período subiu de 16 milhões para 100 milhões de brasileiros, a redução pela metade das mortalidades materna e infantil, as ações de cooperação sul-sul na área da saúde, a formação de recursos humanos, a melhor gestão dos hospitais federais, o incremento na produção de medicamentos e vacinas, entre outros itens, têm a participação direta ou indireta de pesquisadores da Fundação. “Esses avanços se devem à consolidação desta instituição como referência para o sistema público, universal e gratuito de saúde”, disse o ministro. Segundo Padilha, há um espaço a ser ocupado pela Fundação tanto no mercado nacional de saúde quanto no internacional, desde que, sem abrir mão de seu caráter público, transforme seu modelo gerencial: “assim a Fiocruz poderá exportar vacinas, incorporar novas tecnologias, produzir novos medicamentos e insumos e ampliar sua posição como Instituição Estratégica de Estado para a Saúde”.
O ministro lembrou que neste sábado o município do Rio de Janeiro passará a contar com 500 médicos selecionados para participar do Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), iniciativa que conta com a parceria da Fiocruz. E, para reforçar o aspecto ímpar do processo eleitoral da Fundação, comentou que, entre todos os membros do Colegiado do Ministério da Saúde, o presidente da Fundação é o único eleito. Todos os demais, em seus respectivos cargos, são indicados e nomeados.
Projeto nacional
Em sua intervenção, Gadelha disse que a expressão-síntese que foi adotada para a Fundação em seu primeiro mandato, “Instituição Estratégica do Estado para a Saúde”, traduz o compromisso com o país, o lugar e o sentido da missão da Fiocruz e ganhou, na primeira gestão, nova dimensão, ao ampliar de forma significativa sua participação nacional e internacional, contribuindo para as políticas de Estado e para o fortalecimento do SUS. Gadelha listou os avanços que a Fundação tem obtido e anunciou planos. Segundo ele, “a dimensão estratégica de Estado para a saúde, em forte interação com as realidades regionais, está no DNA desta instituição. A atualização do projeto nacional da Fiocruz, mobilizando toda a sua competência, é prioridade absoluta. E, para sua maior abrangência, vamos ampliar nossa presença, abrindo unidades no Ceará, em Rondônia, no Mato Grosso do Sul e no Piauí, chegando a todas as regiões e a 11 estados brasileiros”.
Gadelha afirmou que a Fiocruz ”vem contribuindo, com papel destacado, para as concepções do conceito e das formas e instrumentos de consolidação do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, orientada para dar respostas às demandas sociais e de sustentabilidade do SUS”. Ele citou a participação da instituição em programas prioritários do governo, como Farmácia Popular, Rede Cegonha, Brasil Carinhoso, Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, entre outros. Acrescentou que a Fiocruz responde por seis das 13 vacinas do Programa Nacional de Imunizações e, no programa brasileiro de Aids, contribui com sete dos 20 tipos de medicamentos que beneficiam 217 mil pessoas. E recordou que a Fundação apoia fortemente o programa Brasil sem Miséria, com projetos voltados para o semiárido nordestino, acesso à agua e concessão de bolsas de doutorado e pós-doutorado para trabalhos socialmente relevantes.
O presidente da Fiocruz também disse que, no momento em que o SUS completa 25 anos, a instituição vai investir, nesta sua segunda gestão, em pesquisas para doenças crônico-degenerativas, cardiovasculares, auto-imunes e neurológicas, obesidade, envelhecimento e doenças negligenciadas, além de estabelecer uma rede de instituições para o desenvolvimento de pesquisas sobre as recentes mudanças demográficas e epidemiológicas verificadas no Brasil. Outro foco será contribuir com a construção da Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 das Nações Unidas e na definição dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
O segundo mandato de Gadelha vai até o final de 2016. Ele obteve 2.415 votos para primeiro lugar na votação realizada em novembro passado, quando foram às urnas 4.211 eleitores – uma taxa de comparecimento de 83,6% do total de servidores. O resultado foi homologado pelo Conselho Deliberativo da Fiocruz, por unanimidade de seus membros, e então encaminhado ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha. A presidente Dilma Rousseff, por meio de decreto publicado no Diário Oficial da União (DOU) de 18 de janeiro, reconduziu Gadelha ao cargo de presidente da instituição. Graduado em medicina e doutor em saúde pública, Gadelha atua na gestão institucional da Fundação desde 1985. É presidente da Fiocruz desde 2009.