Pesquisa avalia impacto no SUS de internações provocadas pelo tabaco
O tabagismo vitimiza cerca de 5,4 milhões de pessoas no mundo, 200 mil só no Brasil todos os anos, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Neste cenário, duas pesquisadoras da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) desenvolveram um estudo para calcular o impacto desse número no Sistema Único de Saúde (SUS). Intitulado “Os custos de doenças tabaco-relacionadas para o Sistema Único de Saúde”, a pesquisa analisou o fato através de três grupos de doenças – câncer, aparelhos circulatório e respiratório.
Coordenado pela integrante da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Maria Alícia Ugá e pela pesquisadora do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Márcia Pinto, o estudo, feito com base nas doenças do tabaco, utilizou informações administrativas dos bancos de dados do SUS de 2005, bem como indicadores epidemiológicos, prevalência e riscos relativos de cada doença analisada.
Segundo as autoras, os custos atribuíveis ao tabagismo foram de mais R$ 330 milhões, quase 30% dos custos totais dos procedimentos analisados para os três grupos. Dentre as internações e procedimentos de quimioterapia pagos para todas as doenças, os custos alcançaram 7,7% do total. Ainda, 0,9% das despesas com ações e serviços de saúde, financiadas com recursos próprios da esfera federal, pode ser atribuído ao tabagismo. De acordo com a OMS, até 2030, esses números terão um aumento significativo de 48%, passando para 8 milhões de óbitos, dos quais 80% ocorrerão em países em desenvolvimento.
As autoras optaram por avaliar os custos diretos atribuíveis ao tabagismo, considerando o custo do tratamento das principais doenças tabaco-relacionadas para indivíduos com mais de 35 anos. Além de examinar os cursos nos grupos de doença câncer, aparelho circulatório e respiratório, o trabalho levou em conta os custos dos procedimentos de quimioterapia decorrentes de neoplasias.
O Brasil realizou mais de 400 mil internações de mulheres e 500 mil de homens, em idade com 35 anos ou mais, para os três grupos de enfermidades selecionados. Para Márcia Pinto e María Alícia Uga, os resultados são conservadores para o Brasil e sugerem a necessidade de dar continuidade às pesquisas que mensurem a carga total do tabagismo sob a perspectiva da sociedade. Este estudo foi uma primeira tentativa de estimar custos associados ao tabagismo no Brasil. “Segundo nossas estimativas, o tabagismo foi responsável por 7,7% dos custos de todas as internações e procedimentos de quimioterapia pagos pelo SUS para todas as patologias em 2005. Na análise para as despesas com ações e serviços de saúde da esfera federal, os resultados alcançaram 0,9%. Entretanto, essa participação estimada pode ser considerada como a ponta do iceberg da real carga econômica do tabagismo para o SUS”.
Fonte: Informe Ensp