Recursos para saúde
Diário do Nordeste – 22/8/2012
A recente visita do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, resultou em alguns atos concretos, capazes de atenuar a crise existente nos serviços de saúde pública, com repercussão maior nos segmentos dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS). Os acordos celebrados tendem a reverter situações insustentáveis.
Avaliações sistemáticas consideram o SUS como referência modelar de política de assistência médico-hospitalar para países emergentes, pela integração dos três níveis de governo, concentração dos recursos humanos e financeiros disponíveis e eliminação de esforços paralelos. A questão subsistente é sua gestão, apesar dos avanços registrados e do aperfeiçoamento dos mecanismos de controle.
Há décadas, a Secretaria da Saúde do Estado promoveu a distribuição de ambulâncias com os Municípios para o transporte de seus doentes para os grandes hospitais de Fortaleza. Com isso, conseguiu dois tentos: inviabilizar a assistência médica na Capital, pela demanda acentuada de doentes migrados e, ao mesmo tempo, inviabilizar o tratamento médico nos locais de suas origens.
Essas duas metas foram conseguidas sem maiores dificuldades, inviabilizando, em pouco tempo, o hospital de trauma como o Instituto Dr. José Frota, planejado para as necessidades de Fortaleza. Jamais com a dimensão que lhe foi atribuída de hospital para o Nordeste. A inviabilidade alcançou, também, o Hospital Geral de Fortaleza (HGF).
A crise na saúde, geralmente, ocorre por etapas. No caso de Fortaleza, ela se delineou com o fechamento de hospitais infantis privados, largados à própria sorte, sem reservas proporcionadas por lucros financeiros para cobrir elevados custos. Depois se expandiu pelos hospitais públicos. As estruturas sem recursos limitam o atendimento.
No Interior do Estado, o fenômeno se repete, alcançando, de modo especial, Crato e Juazeiro do Norte. O quadro não se tornou irreversível por conta da inauguração do Hospital Regional do Cariri, implantado, estrategicamente, nos limites entre Juazeiro, Crato e Barbalha. O papel regional dessa unidade de grande porte começa a ser negado, como se ele se destinasse apenas à cidade onde foi erigido, contrariando assim seu objetivo.
Os percalços de quem procura atendimento hospitalar em Fortaleza são por demais conhecidos pela clientela cativa do SUS. Daí porque foi decisiva a presença do ministro da Saúde na inauguração do Hospital da Mulher, construído pelo Município, com apoio do governo federal. O novo nosocômio está localizado numa área de 70 mil m², nas antigas instalações do Jóquei Clube.
Dispõe de 26 mil m², 184 leitos, com meta para alcançar, até o fim do ano, 49 mil procedimentos, a cada mês. Seus serviços se distribuem em seis especialidades: ginecologia e obstetrícia, ortopedia, endocrinologia, mastologia e hebiatria, um serviço novo na rede hospitalar especializado em consultas para adolescente.
O difícil em investimentos desse porte é a equação financeira para seu custeio. O Ministério da Saúde garantirá a liberação de R$ 1,7 milhão mensais, do programa Rede Cegonha, instituído com o propósito de humanizar e melhorar o atendimento prestado às gestantes, mães e bebês atendidos pela rede pública de saúde. Essa transferência suplementar irá se juntar aos R$ 2 milhões gastos no hospital pela Prefeitura a cada mês.
O ministro autorizou a contratação de 85 novos leitos de retaguarda para o IJF na rede privada. Com esse reforço auxiliar, poderá haver, por enquanto, alívio na grave questão médico-hospitalar.