Rede federal tem déficit de quase 400 médicos no estado
O Globo – 07/03/2012
Ministério admite 40 leitos fechados em UTIs e diz aguardar concursados
Na rede federal de hospitais, o Rio também padece. As unidades do Andaraí, da Lagoa, de Ipanema, dos Servidores, de Bonsucesso e Cardoso Fontes têm hoje déficit de quase 400 médicos, como admite o próprio Ministério da Saúde. A pasta espera há um ano autorização do Planejamento para convocar mais de 300 profissionais aprovados em concursos e que ainda não foram chamados. A falta de pessoal, um dos principais problemas das unidades federais, faz com que estejam fechados 40 leitos de UTI desses hospitais, como informou ontem a coluna de Ancelmo Gois.
Segundo o ministério, esses leitos estão fechados há mais de um ano. No Hospital de Bonsucesso, por exemplo, uma CTI pós-operatória, com seis leitos e pronta há pelo menos um ano, nunca foi aberta pois não há médicos ou enfermeiros.
O último concurso na rede foi em 2010. Além disso, contratações de já aprovados têm sido vetadas pelo Planejamento por restrições orçamentárias: de 500 vagas pedidas pela Saúde, foi autorizada em novembro convocação de 126 aprovados. Mas, destes, cerca de 40 não assumiram a vaga, em boa parte pelo baixo salário (o piso é de R$ 3,2 mil ) em relação ao setor privado – outro motivo para a falta de pessoal.
– Temos déficit de 380 médicos, em áreas como pediatria, anestesia, nefrologia – diz o diretor de Gestão Hospitalar do ministério no Rio, João Marcelo Ramalho Alves, afirmando, porém, que aumentos salariais desde 2008 têm ajudado a atrair profissionais.
Segundo a procuradora da República no Rio Marina Filgueira, há cerca de dois mil contratados temporariamente na rede, forma que o ministério tem adotado para suprir o déficit. Marina é responsável por um inquérito que apura o impacto dos contratos temporários na prestação dos serviços de saúde.
Desde 1985 na rede, o cirurgião vascular Jackson Caiafa, hoje no Servidores, dá exemplos do problema:
– Cirurgias de todas as áreas são adiadas por falta de anestesista. Na cirurgia vascular, ocorrem só 1/3 das operações que poderiam ser feitas. E pouco menos de 50% das torácicas que poderiam ocorrer são realizadas.