Rede Social quer reunir pessoas e organizações em defesa da saúde na América Latina

Unir forças e trocar informações e conhecimentos em prol da saúde pública, sempre pautados nos princípios da democracia e da justiça social na América latina. Esse é o objetivo da Red de Investigación, Docencia y Extensión en Salud para América Latina (REDIDESAL), formada por instituições e pessoas de 11 países (Argentina, Brasil, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Chile, Cuba, Equador, El Salvador, México e Venezuela) com interesse em defender melhorias nas áreas sociais que garantam uma condição de vida digna para os povos da Região. O Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) está entre as organizações do Brasil convidadas a ingressar na estrutura.

“É um projeto de cooperação entre instituições e entre pessoas, dirigido a promover, no âmbito de influência de cada integrante, uma gestão do conhecimento que contribua para a transformação das políticas, dos sistemas e dos serviços de saúde com critérios de justiça social, equidade e democracia, mediante ações de investigação, docência e extensão com as comunidades, os trabalhadores e trabalhadoras de saúde e outros atores envolvidos no processo de decisão do setor”, disse, em entrevista por e-mail ao Cebes, Ruben Dario Gomez, coordenador executivo da Rede.

A proposta de criação de uma Rede latinoamericana, que abraçasse e divulgasse iniciativas na defesa dos sistemas públicos de saúde e universais, ocorreu durante uma reunião em Havana, Cuba, em junho de 2008. Estiveram no encontro representantes de instituições latinoamericanas, da Organização Panamericana da Saúde (OPS) e do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Antuérpia, Bélgica. Na ocasião, a missão da Rede foi constituída da seguinte forma: “A Rede IDESAL colaborará com propostas alternativas no marco da atenção à saúde no sentido amplo, com um enfoque baseado na ética, justiça social e a solidariedade, priorizando como objetos os serviços de saúde (como nível micro), os sistemas de saúde (como nível meso) e as políticas de saúde (como nível macro). As principais áreas de atuação são a investigação, a docência e a extensão, entendida como o trabalho conjunto com a sociedade nas atividades relacionadas com as políticas e os serviços de saúde”.

Nesse perspetiva, aponta Dario Gomez, a Idesal “pretende somar forças e apoiar movimentos sociais (nacionais e regionais) voltados para o fortalecimento dos sistemas públicos e universais de saúde, que propiciem o alcance de maior equidade no acesso aos serviços de saúde e a condições de vida digna e saudável”.

Atualmente, representantes da IDESAL trabalham na criação da página eletrônica (http://www.redidesal.org/index.php/home.html), que, em breve, está no ar. “A ideia é promover por meio da página fóruns de discussão e também ainda publicar experiências de interesse comum. Da mesma forma, se trabalha na elaboração conjunta de estudos e informes técnicos realizados de maneira cooperativa entre seus membros”, informou Célia Almeida, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz (Ensp/Fiocruz) e integrante da Rede.

De acordo com Célia Almeida, que ajuda a identificar no Brasil instituições, grupos ou pessoas físicas que compartilhem dos ideais da rede a ponto de integrá-la, o nome do Cebes foi lembrado por conta da sua histórica luta pela reforma sanitária. “O CEBES foi criado no âmbito do movimento pela reforma sanitária e sempre desempenhou papel crítico importante, não apenas no processo de elaboração da proposta de reforma do sistema de saúde no Brasil, mas também no movimento para a sua aprovação na nova Constituição de 1988 e na dinâmica de implementação do Sistema Único de Saúde (SUS). Acredito que tenha acumulado interessante experiência no setor saúde, em âmbito nacional, passível de ser aproveitada por outros países da região. Penso que o CEBES poderia ter um papel também importante nesses debates em nível regional”, finalizou a pesquisadora.