Relatório núcleo Cebes Alagoas 2020-2021

2020 VIVEMOS O PANDEMÔNIO…

Diante da pandemia provocada pelo coronavírus, que causa a Síndrome Respiratória Aguda Grave, a qual se alastrou em escala mundial no início de 2020, traz à tona a discussão sobre as desigualdades sociais e seus impactos nos diversos segmentos da sociedade, em especial as populações periféricas que vivem em situação de maior vulnerabilidade.

O Brasil vive uma de suas maiores crises sanitárias, humanitárias e politicas frente a nova pandemia da COVID-19, agravada pelo negacionismo do governo federal e de um plano sério para enfrentamento da crise. A inercia do governo federal atingi também as Universidades, com diminuição de recursos e investimentos em pesquisas.

Mais a pandemia não é tão democrática, como muitos falaram nos primeiros meses. A pandemia explicita as desigualdades sociais e têm incidências condicionadas pela determinações sociais em saúde tais como a renda, gênero e raça (REIS, 2020). Embora ela chegue ao país através da classe média vinda das férias de países europeus, trazendo na mala lembrancinhas fabricadas na China e também o novo vírus, que se alastra rapidamente, chegando nas populações periféricas, compostas em sua maioria por mulheres e homens negros e pardos, os quais são os mais afetados com o quadro grave e os que mais tem morrido em decorrência da doença.

A grande maioria das famílias da periferia vivem em condições de moradias precárias, onde muitas vezes possuem apenas um ou dois cômodos, partilhado com 4 a 6 pessoas. As desigualdades sociais por sua vez contribuem para uma taxa maior de letalidade nos bairros populares.

É indispensável o empoderamento dessa população por meio de processos de formação e aquisição de conhecimentos nas mais diversas áreas, consolidando também uma consciência crítica frente à realidade duramente vivida pelos povos na periferia.

É nesse cenário, quase distópico que o Núcleo do CEBES-AL, vem discutindo sobre estratégias que pudessem de alguma forma mitigar os efeitos da pandemia sobre os grupos mais vulnerabilizados pelas condições de desigualdades sociais e iniquidades. Iniciamos então uma aproximação e articulação com o Movimento de Trabalhadores por Direito – MTD, Comitê dos Povos das Alagoas, Movimento dos trabalhadores rurais- MST, Movimento Mulheres do Campo – MMC e o Consultório na Rua da Secretaria Municipal de Saúde para pensar um plano de ação priorizando as populações que vivem no entorno da Lagoa Múndau, área central de Maceió, onde vivem mais de 30 mil pessoas em moradias precárias, maioria barracos feitos de papelão e outros matérias, sem saneamento e água potável.

Essas populações em sua maioria ficaram impossibilitadas de fazer o isolamento social, crucial para conter o aumento dos números de casos da doença, trabalharem em subempregos, como ambulantes e recicladores de matérias, além da atividade de pesca na Lagoa.

Outros campos de ações desenvolvidas foram junto ao projeto AFROATITUDE/UFAL, em 31 comunidades quilombolas no interior de Alagoas, também com a realização de oficinas de formação para enfrentamento da pandemia, tendo como público as mulheres quilombolas.

O impacto da pandemia, o desconhecimento inicial sobre sua letalidade e transmissibilidade nos paralisou nos primeiros meses, além da Universidade não ter adotado nesta fase nenhum protocolo de biossegurança. Passado o primeiro trimestre de 2020, iniciamos a elaboração dos projetos e as propostas de oficinas a serem desenvolvidas nos diferentes territórios, além das ações de solidariedade com arrecadamento de alimentos e gêneros de higiene.

As primeiras campanhas solidárias para arrecadação de alimentos foram iniciadas em maio, junto com o comitê dos povos das Alagoas e MTD. Foram distribuídas em média 250 quentinhas diárias, de segunda a sexta nas comunidades da Muvuca, Sururu de Capote, Arroz, Em busca de um Lar e Mundau, todas localizadas em torno da lagoa, além de máscaras e álcool em gel.

Outras ações de solidariedade, com arrecadação de cestas básicas foram realizadas junto com a equipe do Núcleo de Saúde Pública da FAMED, no mês de maio para atender as famílias de um dos projetos de extensão, o Afro Dendê, que vivem em um dos bairros no entorno da Universidade. Ao total distribuímos mais de 250 cestas entre maio e junho de 2020, pois a situação de insegurança alimentar vivida por essas famílias era grave.

Veja o relatório na íntegra: