Rio Grande do Sul: Tragédia e mentira na política
A reconstrução do Rio Grande do Sul requer planejamento, recursos públicos e cooperação suprapartidária, com ações firmes e pragmáticas dos governantes. Forças democráticas devem se unir para eleger representantes responsáveis e comprometidos com a reconstrução institucional, territorial e econômica do país. Veja o artigo de Paulo Henrique Novaes de Albuquerque, publicado originalmente no jornal O Povo.
A tragédia do Rio Grande do Sul escancara dois problemas que precisam ser encarados politicamente. Um deles tem a ver com as práticas destrutivas de parte dos ruralistas tanto na exploração predatória dos solos e das águas como no desmonte da legislação ambiental e das ações públicas voltadas para a proteção social. Esta estratégia agressiva de controle privado do Estado se faz presente tanto no plano do congresso nacional como no dos parlamentos estaduais. O caso gaúcho é típico como mostra a ação inconsequente do governo estadual desmontando politicas de preservação ambiental nos últimos anos.
O segundo problema revela o fato óbvio de que a reconstrução da região exige mobilizações reais de organizações governamentais e não governamentais e comunidades de indivíduos no planejamento e na implementação de ações articuladas nos meios urbanos e rurais. Esta reconstrução não pode ser feita de improviso, por exemplo, por negacionistas e oportunistas hábeis em produzir narrativas fictícias visando criar um clima artificial de crise que apenas beneficia grupos de rentistas e egoístas.
Mas o negacionismo não funciona quando o sistema social colapsa e exige sacrifício coletivo.
Nesses casos, essas narrativas revelam suas verdadeiras naturezas violentas e patológicas e as tentativas de desestabilizar a governabilidade democrática para forçar uma saída autoritária podem ser um tiro no pé. Como diz o velho ditado “mentira tem pernas curtas”, ou seja, logo ela é descoberta quando as intenções sombrias são desveladas.
Reconstruir casas, estradas, equipamentos públicos e serviços de saneamentos não se faz com fake news, mas com planejamento e recursos públicos e com acordos suprapartidários. Reconstruir exige dos governantes ações firmes e pragmáticas. A reconstrução, exige normalidade institucional, territorial e econômica.
Assim, é importante que as forças democráticas superem suas diferenças em favor de pactos lúcidos que permitam as eleições de representantes populares legítimos e que sejam responsáveis nas tomadas decisões necessárias à reconstrução do país como um todo.