Sader: Lula provoca mais ódio que Vargas

Blog do Paulo Henrique Amorim – 24/04/2012

Saiu hoje na pág. 2 da Folha (*):
(…)

A pesquisa – clique aqui para ler “Popularidade da Dilma não inibe Golpe contra ela” – ajuda a acalmar a ansiedade e a espantar os fantasmas de Lula, que, nas conversas com aliados, não para de reclamar da imprensa, da oposição e da “elite”. Quanto mais Dilma acerta e cresce, mais ele alimenta a paranoia de que tentam “desconstruir a sua imagem”.

Lula está absolutamente convencido de que foi o melhor presidente da história da humanidade, mas os adversários (entre os quais inclui a imprensa) não reconhecem. Insistem em dizer que o mensalão existiu, que ele impôs ministros que Dilma teve de defenestrar e que seu governo foi marcado por uma alegre convivência com fichas-sujas e oligarcas.

Ele não suporta ver a sua criatura se tornando mais admirada do que o criador. Sente-se injustiçado, senão perseguido, e reage com mágoa e rancor. Seu apoio à CPI é resultado desse sentimento: “doa a quem doer”, ou seja, “doa ou não em Dilma”.

O Datafolha é um bálsamo para as dores de Lula, que agora pode vangloriar-se pela escolha de Dilma como sucessora e continuar sentindo-se o “mais”, o “melhor”, o “mais amado”, o “candidato dos sonhos”.

Bálsamo para Lula, alívio para Dilma, que é cheia de dedos com Lula, ouvindo-o, reverenciando-o, mantendo-o no pedestal.

O resto é questão de tempo: até 2014, o “volta Lula” deve lentamente deslizar para o “fica Dilma”.

Navalha

Em recente debate na Bienal do Livro – clique aqui para ler “CPI vai desmontar o ‘espetáculo’ da Globo” e aqui para ler “Costa e a visibilidade do crime organizado” – Emir Sader ofereceu uma explicação para o ódio contra Lula que habita o coração das Marine Le Pen do Brasil.

Lula desperta mais ódio do que Vargas despertou, disse Sader.

É um ódio de classe, disse Sader.

E por que ?

A elite, por meio de seus funcionários no PiG (**) e no PSDB de São Paulo, não perdoa o fracasso de Fernando Henrique e o sucesso retumbante de Lula.

Era para ser o contrário.

O cheiroso tinha que ser maior que o metalúrgico nordestino, que não tem um dedo e não fala inglês.

E não foi.

Pior: o sucessor de FHC foi Cerra, um derrotado.

O de Lula, uma vitoriosa.

(Sader foi entusiasticamente aplaudido !)