Saúde: Clínicas da Família reduzem internações

Ampliação do programa, focado na prevenção, fez diminuir a procura por hospitais e emergências

Com o aumento da cobertura do Programa Saúde da Família no Rio, problemas que levariam pessoas para os hospitais agora são diagnosticados e tratados com hora marcada e perto de casa. A expansão da filosofia, baseada na prevenção, já se reflete nos números do SUS: foram menos 16.835 moradores do município internados de janeiro a outubro de 2010, em relação ao mesmo período de 2009, quando o total atingiu 220.559 – uma queda de 8%.

Para a secretaria municipal de Saúde, a mudança está associada às Clínicas da Família, que hoje chegam a 18% da população do Rio. Há um ano, a cobertura não passava de 3,5%. A ampliação do programa beneficiou, principalmente, moradores da Zona Oeste – 82% da população de Paciência, Santa Cruz e Sepetiba (304 mil pessoas) são atendidos pelas equipes médicas, segundo a secretaria.
O secretário municipal de Saúde, Hans Dohmann, diz que em toda a cidade não houve diminuição no total de leitos nos hospitais no período analisado.

– Nesse período do ano não houve redução de leitos na cidade. Se olharmos o número absoluto, até aumentou um pouco, em torno de dez leitos. E na Zona Oeste há uma redução muito alta de internações em relação ao resto da cidade. Isso porque foi feito esse trabalho preventivo – avalia Dohmann, completando que ocorreu também uma redução, especialmente na Zona Oeste, de internações por doenças cardiovasculares. – Esses males ocupam espaço nos hospitais. São doenças hipertensivas e complicações de diabetes, que incluem AVC (Acidente Vascular Cerebral), enfarto e angina. Junto com câncer, são as que mais matam no país.

Dados do SUS mostram que de 2009 para 2010 a média mensal de internações por doenças endócrinas e cardiovasculares na região de Paciência, Santa Cruz e Sepetiba caiu de 106 para 68.

O funcionário público Luiz Carlos Nogueira, de 62 anos, descobriu na Clínica da Família Ilze Motta de Mello, em Paciência, que era hipertenso e tinha diabetes. Acompanhado desde o ano passado pela médica Karen Xavier, ele controla as doenças com dieta, exercícios e medicamentos. Nogueira tem ido todos os dias à clínica fazer o teste para verificar os níveis de glicemia em diferentes horas do dia.

– Eu não tinha esse cuidado com a saúde. Aprendi isso aqui na clínica – conta o paciente, que corria o risco de sofrer complicações decorrentes da diabetes.

O vereador Paulo Pinheiro (PPS) confirma o avanço na área de atenção básica em saúde no Rio, mas diz que o reflexo das Clínicas da Família ainda não pode ser visto em toda a cidade, já que o programa ainda é pouco presente na Zona Sul.

– Qualquer queda (no total de internações) é expressiva. E houve realmente um avanço importante na área de saúde da família. Mas isso não se reflete em toda a cidade.

O secretário Dohmann garante que a próxima etapa do programa será levar as unidades para comunidades pobres da Zona Sul. A meta do governo é atingir uma cobertura de 35% em 2012. Na semana passada foi inaugurada a 26ª Clínica da Família, no Engenho Novo.

Fonte: O Globo (Ludmilla de Lima)
02 de fevereiro