Seminário nacional “Violência: uma epidemia silenciosa” reúne de 1.500 participantes em Porto Alegre
O CONASS publicou, no último dia 16 de maio, os arquivos do Seminário Nacional: violência uma epidemia silenciosa, ocorrido entre os dias 29 e 30 de abril, em Porto Alegre/RS, e que contou com a participação de mais de 1500 pessoas. Estão disponíveis no site Saúde e Violência os arquivos (vídeos, palestras, fotos), assim como a cobertura jornalística do evento que discutiu o tema violência no âmbito do SUS. Sílvio Fernandes da Sailva representou o Cebes na mesa sobre o tema “A violência como um problema de saúde pública: da teoria à prática” (veja aqui).
O objetivo do encontro foi discutir a violência como um problema de saúde pública, aprofundando questões relevantes como o impacto do uso de álcool e drogas; a violência na adolescência; a violência no trânsito; e a prevenção dos suicídios. Foi ressaltada ainda a importância da atuação intersetorial e da ação política para o enfrentamento da violência. A Conferência Magna, proferida por Sylvana Cote, da Universidade de Montreal/Canadá, teve como tema as “Trajetórias de agressão física na infância: fatores de risco e programas de prevenção”.
O evento promovido pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e pela Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul recebeu em sua abertura autoridades com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão e a governadora do estado Yeda Crusius. Participaram também o representante da Unesco no Brasil, Vicent Defourny; o representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil, Diego Victoria; o representante do Escritório das Nações Unidas contra Crime e Drogas (UNODC), Giovani Quaglia; o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Francisco Batista Júnior; e o representante do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Francisco Cardoso.
Na abertura do seminário, o presidente do CONASS, Osmar Terra, destacou o apoio do Ministério da Saúde para promover a mobilização em torno do tema violência o que, segundo Terra, “foi decisivo para impulsionar o compromisso de que as políticas mais abrangentes, surgidas dos estados e dos municípios, sejam adotadas pelo Ministério da Saúde, configurando-se como propostas para a elaboração de uma política nacional de prevenção e combate à violência”, disse.
Para o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, a expectativa é que o resultado do seminário se transforme em medidas práticas e objetivas que possam ser formalizadas. “Esperamos que o Ministério da Saúde possa utilizar os projetos apresentados para o aperfeiçoamento de suas políticas, apoiando estados e municípios. Precisamos estabelecer uma estratégia que não seja silenciosa para o enfrentamento da violência, uma estratégia aberta, corajosa e transparente e que as bases para a superação dessa questão, para que sejam eficazes, possam partir da reflexão sobre a realidade, por mais violenta e agressiva que seja”, defendeu.
A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, disse que o papel do Estado é garantir a educação, a saúde e a segurança para a população. “Prevenção e combate à violência são duas coisas que se complementam. Por isso mesmo quebramos paradigmas ao dizer que violência é uma questão de saúde pública, pois, se não atuarmos na origem, nunca iremos barrar o crescimento da sociedade violenta”.
Um problema de saúde pública
Osmar Terra abriu o evento citando a frase da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco): “Se a guerra nasce na mente dos homens é na mente dos homens que nós temos que erguer as defesas da paz”. E completou: “Atrás de cada ato de violência tem um estado mental alterado que pode ser prevenido. A falta de cuidados na primeira infância, por exemplo, pode refletir diretamente em possíveis comportamentos violentos no futuro. Portanto, estamos sim falando de temas pertinentes à saúde, onde a saúde pode dar sua contribuição articulada com educação, segurança e diversos outros setores a fim de construir políticas adequadas”, argumentou. Osmar Terra defendeu ainda que o setor tem como aliada na prevenção e no combate à violência a rede formada pelo trabalhadores do SUS, como o Programa Saúde da Família (PSF).
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão ratificou a fala do presidente do CONASS, Osmar Terra, dizendo que é preciso atuar com políticas interinstitucionais, envolvendo a sociedade, a escola, a mídia e os movimentos comunitários. “Só é possível enfrentar e combater a violência atuando junto às famílias. A saúde pública tem uma grande contribuição a dar por meio dos Programas Saúde da Família (PSF) e Agentes Comunitários da Saúde (ACS) e com políticas como a que existe no Rio Grande do Sul – o Programa Primeira Infância Melhor – que orienta as famílias para que promovam o desenvolvimento integral de suas crianças”, disse.