Sociedade deve debater homofobia

Filipe Leonel

Nesta quinta-feira (11/8), a Escola Nacional de Saúde Pública, por meio do Laboratório de Avaliação de Situações Endêmicas Regionais (Laser), promoveu um debate sobre os desafios de discutir a homofobia nas escolas e universidades. Em palestra da pesquisadora do Laboratório Intregrado em Diversidade Sexual, Políticas e Direitos (Lidis) da Uerj Anna Paula Uziel, alunos, professores, pesquisadores e convidados falaram sobre as barreiras para se discutir o tema e as implicações jurídicas da mudança de sexo, e também comentaram os resultados de uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo – adaptada pelo Lidis aos alunos da Uerj – em que 64% deles afirmaram achar que a homossexualidade é uma opção individual.

A pesquisadora do Laser Marly Marques da Cruz coordenou a sessão e afirmou que o laboratório pretende se aproximar do Lidis/Uerj para a realização de projetos voltados para o fortalecimento e a capacitação de professores em relação aos temas Diversidade sexual e Homofobia. Logo em seguida, Anna Paula revelou que o laboratório ao qual pertence foi criado em março de 2010, a partir da parceria com a campanha Rio sem Homofobia, do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

As discussões sobre gênero e sexualidade, segundo a palestrante, sempre estiveram presentes na sociedade e “atravessam o cotidiano da escola”, de forma que não podem ficar restritas apenas à Educação Sexual. O preconceito social e outros aspectos relacionados à transsexualidade foram temas discutidos pelos presentes. Detalhes de ordem jurídica implicados na mudança de sexo, como a idade de aposentadoria, diferente para homens e mulheres, o alistamento militar e o certificado de reservista, necessário aos homens, e a identificação no serviço de saúde, por exemplo, foram colocados pelos participantes da mesa. “Essas são questões que ainda precisam ser debatidas na sociedade e nem todas têm uma resposta. A identidade do transsex também é controversa. Eles querem ser chamados pelo nome social, enquanto nos serviços de saúde, por exemplo, o nome civil é usado”.

Na sequência, Anna Paula apresentou a pesquisa da Fundação Perseu Abramo sobre os índices de homofobia. De acordo com os dados, 70% dos entrevistados acreditam que o preconceito em relação à homossexualidade é um problema pessoal, enquanto 24% acreditam que o Estado deve combatê-lo. Na mesma pesquisa, de acordo com a palestrante, 92% disseram saber que há preconceito, mas, no entanto, apenas 25% dos entrevistados se consideram preconceituosos. “A pesquisa também perguntou se é possível viver um amor tão bonito com alguém do mesmo sexo quanto com alguém do sexo oposto: 24% discordaram totalmente, enquanto 43% afirmaram ser possível”.

A mesma pesquisa foi adaptada e aplicada em cerca de 700 alunos de todos os cursos de graduação da Uerj. Dentre os principais resultados, destacou: “60,4% dos alunos acham que a homossexualidade é uma opção do indivíduo, enquanto 34,8% disseram acreditar que nasce com a pessoa. Em outro questionamento, 37% afirmaram que ser homossexual não é uma escolha, mas uma tendência ou destino que já nasce com a pessoa”, finalizou.

Fonte: Ensp