Tributo a David Capistrano Filho (1948-2000)
No próximo dia 10 de novembro, amigos e companheiros de David Capistrano da Costa Filho irão recordá-lo no 15o aniversário de sua morte.
Nascido no dia 7 de julho de 1948, veio de histórica família comunista. Sua mãe, Maria Augusta, hoje com 97 anos, desde muito jovem militou no PCB. Seu pai, também chamado David, era um lendário dirigente da organização e está entre os mortos e desaparecidos sob o tacão do regime militar.
David, o filho, desde a adolescência, em Recife, sua cidade natal, destacou-se como um dos mais talentosos e valentes militantes de sua geração. Participou do movimento secundarista e universitário.
Estudante da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde se formou, esteve sempre presente na primeira linha da resistência estudantil e popular contra a ditadura militar, várias vezes preso e torturado por seu ativismo e filiação ao Partido Comunista Brasileiro.
Depois de formado, mudou-se para São Paulo e se especializou em pediatria e saúde pública, rapidamente tornando-se um dos principais expoentes do movimento pela reforma sanitária.
Ao mesmo tempo, convertia-se no principal dirigente da reconstrução do PCB paulista, desempenhando a função de secretário político entre 1976 e 1983.
Suas críticas à linha política oficial dos comunistas, oposta à mobilização popular como principal eixo da ofensiva final contra a ditadura, acabaria levando-o à ruptura, ao lado de muitos camaradas.
A opção natural foi se integrar, em 1986, ao Partido dos Trabalhadores, que emergia como o principal instrumento da classe operária e do povo brasileiro durante a redemocratização.
Foi secretário de Saúde em Bauru (1983-1985) e Santos (1989-1992), cidade da qual seria eleito prefeito em 1992, sucedendo sua companheira de partido, Telma de Souza.
Sua participação foi decisiva para a formulação teórica do Sistema Único de Saúde e sua inclusão na Constituição de 1988, animando projetos, entidades e pessoas para dobrar o conservadorismo privatista no setor.
Sob seu comando, Santos transformou-se em uma das principais referências mundiais da luta contra a AIDS. Também se tornou a primeira cidade brasileira sem manicômios, impulsionando a reforma psiquiátrica e servindo de exemplo para outros países.
Membro do Diretório Nacional do PT por vários anos, contribuiu fortemente para debates e ações que levariam à consolidação da legenda como alternativa de poder.
Morreria dois anos antes da primeira vitória eleitoral do presidente Lula.
No dia 10 de novembro de 2000, depois de cirurgia para transplante de fígado, maltratado por hepatite e quimioterapias por ocasião do tratamento contra leucemia que o acometeu em 1982, a vida de David chegaria ao fim, aos 52 anos.
Faleceu jovem, mas teve tempo de deixar um vasto legado de experiências, histórias e ideias que, para sempre, será lembrado por seus amigos e companheiros.
O tributo do dia 10 de novembro, terça-feira, será na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, no auditório João Yunes, na avenida Dr. Arnaldo 715, a partir das 19h30.