Trocar prótese mamária da França é opcional

O Estado de S. Paulo – 27/12/2011

As mulheres que têm implantes mamários fabricados pela empresa francesa Poly Implants Protheses (PIP) não estão obrigadas a substituir o produto, mas devem procurar seus médicos. Quem sublinha a recomendação é John Arnstein, diretor comercial da EMI, responsável pela importação da prótese.

Ele afirma que a decisão do governo francês, divulgada na semana passada, de custear as cirurgias para remoção do implante, não encontrou respaldo nos demais países, mesmo no Brasil.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou ontem em nota que está em contato com as autoridades francesas de segurança dos produtos de saúde para acompanhar as notícias sobre o implante da PIP.

O uso do produto foi suspenso no País em 2010, quando cerca de 25 mil mulheres já tinham implantado as próteses. A Anvisa reforça que as mulheres devem procurar seus médicos e passar por exames. O profissional de saúde deve contatar suas pacientes para definir a melhor conduta. No caso de retirada da prótese ou “evento adverso”, a Anvisa pede para ser avisada.

A agência informa que, em reunião com o Comitê de Acompanhamento das Mulheres que possuem o implante, foram apresentados dados de “suspeitas de eventos adversos graves (câncer) em mulheres portadoras”. Mas, segundo a agência, essa relação causal não está estabelecida.

Temor. Como médicos ouvidos pelo Estado na semana passada, Arnstein afirma que não há motivo para pânico. Basta procurar um médico para verificar o estado atual da prótese. E cita o exemplo da Agência Regulatória de Remédios e Produtos em Saúde (MHRA, em inglês), responsável pela vigilância sanitária na Inglaterra. Em nota, a MHRA afirmou que as evidências disponíveis até agora apontam que os riscos de uma cirurgia para remoção e substituição do implante são maiores que os benefícios.

Na estimativa inglesa, comprovada em boa medida por dados de outros países, os implantes PIP apresentam taxa de falha de 1%. “É um porcentual comparável ao das demais marcas”, afirma Arnstein. Na França, contudo, o porcentual chegou a 5%, o que motivou a recomendação da remoção da prótese custeada pelo Estado.

Arnstein admite uma irregularidade: a utilização de gel não homologado pelas autoridades sanitárias na fabricação da prótese. Quando o silicone vaza no organismo, costuma causar inflamação. Se o silicone não foi homologado, o risco de as reações serem muito graves aumenta.