Um adeus à Fernando Freitas, ativista pela reforma psiquiátrica e antimanicomial

Morreu nesta semana o psicólogo e pesquisador da Fiocruz Fernando Ferreira Pinto de Freitas, do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental da ENSP, aos 68 anos de idade. Fernando teve papel importante no período da luta pela reforma psiquiátrica e antimanicomial e foi um dos fundadores do site Mad in Brasil.

O ex-presidente do Cebes, Paulo Amarante, falou sobre a importância de Fernando Freitas como um lutador contra a medicalização, contra a “patologização” (sic), contra a dominação da vida e do sofrimento humano. O corpo do pesquisador Fernando foi cremado nesta quarta-feira (1), no crematório São Francisco Xavier, no Caju.

Veja a seguir o depoimento de Paulo Amarante:

Olá, amigos e amigas, do CEBES, eu sou Paulo Amarante, e estou aqui hoje muito triste registrando a perda do nosso querido amigo Fernando Freitas.

Fernando foi uma pessoa importantíssima para a luta da reforma psiquiátrica, luta contra a medicalização e patologização da vida. Fernando foi um dos fundadores do site Mad In Brasil, dedicado a discutir a questão dos direitos humanos ligado à patologização da vida – a redução da experiência de vida à uma redução patológica – que tem por trás todo um mercado, a indústria farmacêutica e toda uma série de interesses que se manifesta a partir desse movimento de patologização.

E além disso criamos o seminário Epidemia das Drogas Psiquiátricas, editamos livros juntos, fizemos artigos. Fernando deixa um lugar vazio, muito importante.

Nós não podemos abandonar essa luta contra a medicalização, contra a patologização, contra a dominação da vida, do sofrimento humano, como sendo reduzido a doenças a transtorno. E mais do que isso, como sendo explicado, tratado a partir de um pretenso modelo biomédico da psiquiatria, que para o qual tudo é prescrição de medicamentos.

Então, Fernando, vá com Deus. Ele era uma pessoa com muita fé. Nos deixa aqui um legado e um compromisso de continuar com essa luta. E nós contamos com o Cebes – que como sempre esteve apoiando esse nosso movimento – para que esse trabalho, essa luta, continue.

Fernando Freitas, presente!