Verão aumenta alerta contra a dengue
O Globo – 11/12/2011
Repete-se, a menos de duas semanas do início do verão, o preocupante prognóstico de que municípios (entre eles três capitais, Cuiabá, Rio Branco e Porto Velho) em diferentes regiões do país estão sob o risco de enfrentar epidemias de dengue. Segundo o Ministério da Saúde, chega a 48 o número de localidades sob iminente explosão de casos da doença nos próximos três ou quatro meses, período de temperaturas altas, mais propícias à infestação. É um universo sob ataque do mosquito transmissor onde vivem 4,6 milhões de pessoas. Em outras 235 cidades, 32 delas fluminenses (aí incluído o Rio), a situação é de alerta, sinal amarelo para indicar que é necessário intensificar ações de combate ao Aedes aegypti para evitar a proliferação descontrolada de infecção.
A destacar que o alerta emitido esta semana pelo ministério contém atenuantes. O índice de infestação é satisfatório em 277 municípios, entre eles São Paulo e Belo Horizonte. Além disso, apesar de todos os estados brasileiros terem desenvolvido, em maior ou menor escala, os vetores do tipo 4 da dengue, ao qual toda a população é suscetível por se tratar de nova forma da doença, o ministro Alexandre Padilha não espera dessa variação do vírus a mesma agressividade dos tipos 1 e 2, responsáveis por trágicos índices de letalidade em epidemias passadas.
No campo das ações, os repasses da União para medidas preventivas aumentaram em 20% e estão sendo adotadas novas metodologias em treinamento e vigilância. Positivo também é o monitoramento de infestações por redes sociais – providência que mostrou alta eficácia nos Estados Unidos, numa grave epidemia de influenza, e mais recentemente em Belo Horizonte, durante breve surto de dengue.
Mas isso não implica relaxar com as ações de combate à doença. Primeiro, porque a situação nas cidades sob risco iminente ou em estado de alerta reclama atenção redobrada das autoridades sanitárias e da população. Providências como eliminação de focos e melhoria da capacidade de atendimento a vítimas na rede de saúde são fundamentais para atenuar danos diante de possíveis explosões de casos da doença. Segundo, porque nenhum município está livre da dengue – ou seja, baixando a guarda no verão, qualquer cidade que reúna as condições de proliferação do mosquito pode entrar em situação de risco.
Redes sociais, informações na mídia e ações preventivas melhoram sensivelmente as condições de combate à dengue. Mas os prognósticos da semana passada mostram que, embora tenha melhorado o sistema de informações, ainda há muito o que fazer. Trata-se de uma guerra em que não se pode transferir para o vizinho a missão de enfrentar o mosquito. À população cabe um esforço de mobilização, eliminando em seu próprio quintal as condições de reprodução do Aedes aegypti. Profissionais da Saúde devem estar preparados para diagnosticar a doença o mais cedo possível, essencial para conter estatísticas de óbitos. Por sua vez, o poder público precisa intensificar ainda mais as ações no âmbito das suas atribuições.