Vontade pessoal é o começo de tudo

Correio Braziliense – 31/05/2012

Dados do Ministério da Saúde revelam que 14% da população do DF são fumantes, o que corresponde a 350 mil pessoas— mesmo percentual da média nacional. Para médicos especialistas na área, o índice brasiliense reflete a melhora do cenário no país. “Oideal seria não ter fumantes, mas sabemos que isso é uma utopia. O Brasil, assim como o DF, tem alcançado uma redução consistente no número de pessoas viciadas em tabaco”, afirma Alberto Araújo, presidente da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

Em 11 anos, o DF experimentou queda de 25 pontos percentuais no número de fumantes. “No ano de 1999, cerca de 39% da população brasiliense cultivavam o hábito do fumo, o que representava, na época, 450 mil habitantes. Em 2010, a pesquisa do Ministério da Saúde aponta que esse índice caiu para 14%”, explica Celso Antônio Rodrigues.

Segundo ele, a SES-DF tem um plano de reduzir em 2%, anualmente, o número de fumantes. “Mas sabemos que tudo depende muito mais de uma mudança comportamental dessas pessoas do que de uma intervenção aliada a medicação”, observa o coordenador do programa no DF.

A funcionária pública Teresinha de Jesus Moreira, 57 anos, busca a mudança de comportamento com o apoio da família e de amigos. “Um amigo está enfrentando enfisema pulmonar por conta do tabagismo. Decidi parar de fumar e conto com a ajuda dos amigos e da minha filha, que também é fumante, para abandonar o vício. Há mais de 20 dias, não coloco um cigarro na boca”, diz.

Ela conta que fumou durante 25 anos acompanhada do marido, que também era fumante e morreu por complicações decorrentes do tabagismo. “Ele fumava mais de dois maços por dia. Não quero chegar a esse ponto. Por enquanto, não apresento problemas respiratórios, mas sei que é uma doença silenciosa e, quando dá sinais de que existe, é sempre grave”, observa Teresinha.

Relatório da SES-DF mostra que no ano passado 2.572 brasilienses morreram em decorrência do tabagismo. Cerca de R$ 12 milhões foram gastos com o tratamento de pessoas com doenças relacionadas ao fumo.

Palavra de especialista
Doença pediátrica

“O tabagismo é considerado o maior causador de doenças evitáveis do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). As neoplasias (câncer) e doenças do aparelho cardiorrespiratório são as principais. As mais conhecidas são o enfisema pulmonar, o câncer de boca, o infarto do miocárdio e a inflamação dos brônquios, conhecida como bronquite. Cerca de 20% dos fumantes desenvolvem alguma doença relacionada ao aparelho respiratório. O hábito do fumo pode acarretar a infertilidade e a impotência. Nos últimos anos, a Sociedade Brasileira de Medicina tem alertado quanto ao número cada vez maior de jovens entre 14 e 18 anos que desenvolve dependência do tabaco e, por esse motivo, o tabagismo é considerado uma doença pediátrica. A maneira mais fácil de eliminar o vício é incentivar a mudança comportamental e cognitiva. O remédio, sem acompanhamento psicológico, não adianta.”