Um novo site pela unidade do Cebes no Brasil

Em entrevista, a presidenta do Cebes, Ana Maria Costa, fala sobre o novo portal da entidade, que será lançado em algumas semanas, e reafirma a importância das redes para a ampliação da consciência crítica e para o fomento do debate sobre o direito a saúde.

1 – O Cebes lançará em breve o seu novo portal. Por que e para que estas mudanças?
É verdade, o Cebes se prepara para uma grande mudança no relacionamento com seus leitores e associados e, particularmente, com o “Cebes” que está presente e atuante em todos os estados e cidades brasileiras que contam com os nossos núcleos.

Cada vez mais a internet e as redes sociais tornam-se protagonistas no engajamento e mobilização de pessoas. Historicamente, o Cebes tem se organizado em torno dos ideais da reforma sanitária e da luta pelo direito universal à saúde.

Ao longo destes últimos anos em que o Cebes esteve presente nas redes sociais, temos crescido muito, alcançando a cada dia um numero maior de leitores.

Somos uma entidade valorizada pelo dinamismo, pela pluralidade e também pela prontidão e qualidade do que publicamos. Assim podemos afirmar que hoje o nosso site e nossa pagina no Facebook  são referencias para os movimentos sociais e para outras mídias. Determinados artigos alcançam 10 mil compartilhamentos… 80 mil visualizações! Isso não é pouco…

Por entender a importância das redes para a ampliação da consciência critica sobre a saúde, para fomentar o debate sobre o direito a saúde e apoiar outros movimentos sociais e conselhos, esta gestão priorizou realizar as mudanças.

No lugar do site atual, a entidade passará a contar com um portal renovado e com muito mais espaço para artigos, entrevistas, vídeos, conteúdos de parceiros e outras publicações.

2 – Em sua leitura, qual a principal novidade ou destaque desse novo espaço. Por que?
No novo portal que logo vai ao ar, demos um passo a mais rumo ao que perseguimos: o Cebes se tornar definitivamente único. Não há direção e núcleos, somos um só. Mais que a integração entre os diversos núcleos e a direção nacional, é preciso aprofundar a democracia interna da entidade, e esperamos que o portal possa também contribuir para isto. Criamos na página de capa o espaço “Cebes no Brasil” para mostrar a presença e a ação política da entidade nos diversos lugares onde ela, de fato, está. Para mim, esta é uma grande inovação.

3 –  O Movimento da Reforma Sanitária parece não direcionar sua luta exclusivamente ao atendimento à saúde, mas incorpora outras lutas. O site está aberto a esse entendimento sobre os direitos sociais, o desenvolvimento nacional e a democracia?
A saúde que defendemos não se restringe à assistência médico sanitária, embora ela não possa ser excluída de nossas preocupações e demandas. A reforma sanitária está apoiada no conceito da determinação social da saúde, ou seja, articulada diretamente à qualidade de vida que uma população consegue agregar como resultado acumulado de seu processo histórico, econômico e social.

É por isso que os direitos sociais, a democracia, e o projeto de desenvolvimento estão na nossa mira, já que determinam a qualidade de vida das pessoas e populações. Na nossa concepção, o modelo de desenvolvimento centrado nos interesses do mercado e do capital não é compatível com a responsabilidade de estado com a saúde universal. Os rumos do estado devem mudar para que a saúde ganhe destaque como prioridade no Brasil. Por isso, é importante a reforma política que, entre tantas outras reformas necessárias e urgentes ao país, poderá provocar mudanças por mais democracia representativa.

Estamos envolvidos na luta contra as desonerações fiscais que aparentemente criam melhores condições de consumo, mas corroem a base da seguridade social comprometendo os direitos sociais.

É por isso que a luta pela saúde é uma luta por um novo modelo de estado, uma nova sociedade, um novo paradigma civilizatório.

Naturalmente, o portal do Cebes deve refletir ideias que contribuam para uma hegemonia nessa direção. Mas que, nesse campo, abrigue a diversidade, as diferenças e o debate que sustentam a democracia.

4 – Outras entidades (Abrasco, Abres e Plataforma) trabalham na construção de novos sites e canais de comunicação com diversos públicos. Na sua opinião, essas novas ferramentas, mais interativas e reflexivas, devem conversar entre si, de modo que unifique a agenda de defesa e luta pela saúde pública? Ou as agendas devem ser mantidas separadas?
As entidades da Reforma Sanitária trabalham em sinergia dos nossos objetivos comuns. Construímos documentos conjuntos, nos unimos em bandeiras estratégicas, enfim, nosso trabalho e ação política são integrados, irmanados. Isso não impede que cada entidade mantenha a sua identidade e seus canais de comunicação próprios. Isso, inclusive, amplia nossa potência de atingir públicos e construir parcerias distintas para as lutas e contextos que nos apresentam o momento histórico. Nossa raiz ideológica e nossa matriz de pensamento são as mesmas, tal qual nosso projeto de sociedade: justa, equânime, democrática e plena de direitos universais.

Convidamos a todos para visitarem o nosso portal daqui a alguns dias, darem suas opiniões, escreverem nos diversos espaços de ideias ou debates. O Cebes somos todos, por mais democracia e saúde no Brasil.