Balanço de 1 ano de ações e nova estratégias na mesa-redonda da Frente Pela Vida no PPGS 2021

artigo escrito por Bruno C. Dias publicado originalmente no portal da Abrasco

Um encontro que serviu tanto como um balanço de quase um ano de atividades como manancial de análises, de ideias e de renovação da esperança. Na manhã desta quinta-feira, 25, a mesa-redonda #FrentePelaVida: O Brasil Precisa do SUS reuniu militantes históricos e novas lideranças para refletir junto com a audiência o ativismo no movimento sanitário na atual conjuntura.  

Com condução de Gulnar Azevedo Silva, presidente da Abrasco, a atividade contou com Aristóteles Cardona, da Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares; Rafaela Pacheco, diretora da Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade (SBMFC); Túlio Franco, diretor-executivo da Associação da Rede Unida, e Lúcia Souto, presidente do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes).

Ao elencar os fatos e as mobilizações desse ano I da pandemia, Cardona, que também é professor do curso de medicina da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), evidenciou como as ações da Frente marcaram presença nos momentos críticos da conjuntura.  “A saúde não está deslocada das discussões políticas e da sociedade”, disse ele, destacando a importância de avançar na articulação com as comunidades, favelas e periferias. Entre as práticas, o rádio-zap, um boletim de áudio gravado e transmitido pela equipe de saúde da família que Cardona compõe. “Falamos diretamente com 600 famílias e temos nessa ferramenta a forma mais efetiva de dialogar com essas realidades”.

Coordenador da Rede Unida, Túlio Franco também demarcou como a conjuntura atual tem exigido uma postura firme da sociedade civil. “Passado um ano da pandemia atual, fazemos uma luta dia a dia, não só contra o vírus, mas também contra o governo. O comitê criado no Planalto é um simulacro. Temos um problema de governança, e que precisamos resolvê-lo o quanto antes para estancar a exaustão e sofrimento do nosso povo e dos profissionais da saúde, heróis nacionais. A tragédia já é grande o suficiente”, apontou. 

A tragédia da covid traz no seu esteio uma acachapante onda de transtornos mentais, efeitos prolongados do coronavírus nos aparelhos respiratórios e circulatório, acúmulo e agudização de doenças crônicas, somando com as violências impetradas contra mulheres, crianças e adolescentes. Para Rafaela Alves Pacheco, diretora da SBMFC, a Estratégia da Saúde da Família tem e teria todas as condições de dar as respostas a esse quadro se houvesse uma governança adequada e uma qualificação do sistema e de seus profissionais.

“Temos musculatura para fazer o PNI, o Programa Nacional de Imunizações, funcionar na sua potência máxima, junto com a Estratégia Saúde da Família, fazer a vigilância desse território vivo”, diz a médica. Buscar novas formas de diálogo e de mobilização social devem estar na perspectiva da Frente Pela Vida, segundo Rafaela.

Lúcia Souto, presidente do Cebes, foi precisa ao falar que sociedade brasileira não pode aceitar e assimiliar como nosso o fracasso do sistema econômico. “Querem impor um colapso que é deles, do neoliberalismo; e não nosso. É fundamental o papel do Estado no nosso país. Se tínhamos dúvida da aceitação do SUS, vemos nos postos de vacinação as pessoas com seus cartazes dizendo #VivaOSuS”. A sanitarista convocou a Frente a não acatar a palavra de ordem do normal e estabelecer novos marcos civilizatórios. “Não podemos mais aguentar ser açoitados por essas sombras das trevas. Dizem que voltaremos ao normal. Mas foi esse normal que nos levou a isso: colapso ambiental, desamor. Precisamos construir outro mundo, outras relações, outra sociabilidade”.

Ao longo das intervenções, Gulnar estabeleceu pontes entre as falas, ressaltou os posicionamentos da Frente, como o lockdown de 21 dias, o plano de enfrentamento, que desde julho passado apresentou à sociedade os caminhos que poderiam ter sido tomados; a necessidade de uma estratégia de comunicação e de campanhas claras, diretas e objetivas. “Não abrimos mão de lutar e de fazer nossa parte como sanitaristas, profissionais de saúde e cidadãos. Fazemos com muito sentimento e respeito às pessoas”, pontuou a presidente da Abrasco, que encerrou a sessão destacando a força da juventude que renova emoções e mentes na luta pelo SUS universal e gratuito, orientado pela equidade e participação social.