13,8 milhões saltam de faixa social no Brasil

O PNUD vai fazer audiências públicas, parcerias com empresas e instituições sociais, consultas com professores de pós-graduação, jornalistas, órgãos públicos e internautas para definir o tema do próximo Relatório de Desenvolvimento Humano sobre o Brasil, a ser publicado no ano que vem.

O site do PNUD criou uma página específica para a participação dos internautas. Basta responder a duas perguntas (“Na sua opinião, qual será o principal problema do Brasil daqui a dez anos”? e “Qual deve ser o tema do próximo Relatório de Desenvolvimento Humano? Por quê?”) e clicar em “enviar respostas”. O resultado da enquete será divulgado em 30 de novembro. Também na internet, uma consulta semelhante será feita no Portal do Voluntário, que reúne uma rede de 53 mil pessoas.

“Os relatórios de desenvolvimento humano do PNUD sempre tiveram a preocupação de não se restringir à informação acadêmica, de atingir um público maior. Agora, estamos partindo do próprio público”, resume o coordenador do relatório brasileiro, Flavio Comim.

O PNUD já fechou acordo com a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) para que as pastorais — que reúnem cerca de 300 mil pessoas — participem da escolha. A partir de uma parceria com a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), o PNUD entrou em contato com 4 mil professores de pós-graduação, a fim de que também ajudem a definir o tema do relatório (veja quadro ao lado).

Já foram contatados jornalistas e outras agências da ONU, e serão consultados representantes de órgãos públicos. O PNUD também negocia com o setor privado a possibilidade de expandir a consulta por meio de outros canais.

As audiências públicas ocorrerão em um município de cada região brasileira. Já foi estabelecido que na região Sul o encontro será em Porto Alegre, na região Sudeste, em São Paulo, e na Centro-Oeste, em Brasília. Os locais do Nordeste e do Norte ainda não foram escolhidos.

Para que o processo não se restrinja a metrópoles, o PNUD fará audiências nos dez municípios brasileiros de menor IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, uma adaptação do IDH aos indicadores regionais brasileiros): Manari, em Pernambuco; Jordão, no Acre; Guaribas e Caraúbas do Piauí, no Piauí; Traipu, em Alagoas; Ipixuna, no Amazonas; e Araioses, Santana do Maranhão, Lagoa Grande do Maranhão e Centro do Guilherme, no Maranhão. “O relatório vai dar ênfase à construção de relações da ONU com a sociedade civil organizada e não-organizada”, diz Comim. O resultado deve ser divulgado no fim de novembro.

O diálogo com um público mais amplo vai ocorrer não só no processo de consulta, mas também no de divulgação, afirma o coordenador do relatório. “As parcerias também prevêem que o resultado do relatório chegue às pessoas.”

A publicação será composta de três cadernos, com entre 30 e 50 páginas — um de diagnóstico, a ser divulgado entre março e abril, um com soluções, a ser divulgado no final de agosto, e um com indicadores, a ser lançado no fim de 2009, junto com o relatório propriamente dito. Todos esses produtos devem ser adaptados para cartilhas, com linguagem mais acessível e texto mais enxuto. O PNUD estuda ainda divulgar o conteúdo por vias alternativas, como teatros e jogos. “Não queremos que seja um relatório que ficará guardado na estante. Não queremos escrever só para os policy makers, queremos chegar a uma parcela maior da população”, afirma Comim.

Esse será o terceiro Relatório de Desenvolvimento Humano brasileiro. O primeiro, publicado em 1996, foi pioneiro ao calcular o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) para todas as unidades da Federação. O segundo, de 2005, destacou já no título os temas abordados: Racismo, pobreza e violência.

 

Fonte: PNUD Brasil