Pesquisa mostra que sistema político dos EUA é controlado por elite

Foto: Amy Sussman/Corbis

 

Um estudo realizado pelos professores e cientistas políticos Martin Giles, da Universidade de Priceton, e Benjamin Page, da Universidade do Noroeste dos Estados Unidos, concluiu que as políticas públicas estadunidenses são definidas por uma pequena elite e por poderosos interesses das organizações empresariais.

Assim, a pesquisa “Testando teorias da política americana: elites, grupos de interesse e cidadãos médios” mostrou que o interesse da maioria não é o principal fator incidente sobre a implementação das ações estatais naquele país. Divulgados no mês passado,  os resultados questionam portanto a ideia de que o modelo democrático dos Estado Unidos seria algo próximo da perfeição.

“A análise indica que as elites econômicas e os grupos organizados que representam os interesses das empresas têm impactos independentes substanciais sobre a política do governo dos EUA, enquanto os cidadãos comuns e grupos de interesse massivos têm pouca ou nenhuma influência independente”, diz o relatório final da pesquisa.

Para realizar o estudo, os pesquisadores levaram em consideração as quatro perspectivas teóricas mais tradicionais nos estudos de políticas norte-americanos, são elas: a da democracia eleitoral majoritária (Majoritarian Electoral Democracy); a da dominação da elite econômica (Economic Elite Domination); e dois paradigmas pluralistas, o pluralismo majoritário (Majoritarian Pluralism) e o pluralismo enviesado (Biased Pluralism). Além disso, foram aplicados questionários para saber se o cidadão era a favor ou contra alguma mudança particular na política do governo federal. Os dados levantados no período de 1981 a 2002 permitiram conhecer as preferências dos cidadãos de nível médio e compará-las com os interesses dos indivíduos do topo da pirâmide econômica.

Neste sentido, a pesquisa verificou que os resultados estão em acordo com o que afirmam as teorias da dominação da elite econômica e do pluralismo enviesado, em contraposição ao que dizem os paradigmas da democracia eleitoral majoritária e do pluralismo majoritário.

Contudo, o estudo salienta que nem sempre os interesses do cidadão comum são derrotados no processo de construção das políticas públicas, pois “desde que as preferências dos cidadãos comuns tendam a estar positivamente correlacionadas com as preferências das elites econômicas, os cidadãos comuns sempre conseguem as políticas que desejam, mesmo que eles sejam mais ou menos beneficiários coincidentes ao invés de causadores da vitória”.

Aspectos definidores

Em entrevista ao portal estadunidense TPM, o professor Martin Giles explicou que um dos principais fatores que contribuem para a perpetuação deste modelo elitista é o papel do dinheiro no sistema político, sobretudo devido às ações desempenhadas pelos indivíduos e organizações mais ricas no financiamento das campanhas e na realização de lobbies.

Além disso, ele destacou também a falta de organização das massas e a perda do poder dos sindicatos nos últimos 40 anos como fatores que levaram ao predomínio de um modelo político essencialmente controlado por um pequeno grupo mais rico.

Clique aqui para ler a íntegra (em inglês) do relatório final da pesquisa.

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