‘Nunca vamos abrir mão do nosso lugar nesse País’, conclama Lúcia Souto na 2a Marcha da Frente pela Vida

texto por Francisco Barbosa, jornalista do CEBES, com informações da ascom CNS e das entidades da Frente pela Vida

A 2a Marcha pela Vida, que aconteceu nessa quarta-feira (9), mobilizou a população, entidades e movimentos da sociedade civil em defesa da vida, de democracia do Sistema Único de Saúde (SUS). O Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES) e outras entidades integrantes da Frente pela Vida promoveram o ato, que foi composto em 3 atos: uma manifestação virtual pelo app Manif, um tuitaço para marcar 1 ano de luta e um encontro virtual com representantes da sociedade civil, que marcaram posição a favor da ciência, da vida e da democracia.

A 1a Marcha pela Vida aconteceu no dia 9 junho de 2020, quando o País tinha 38.497 mortos pela covid-19. Um ano depois, o Brasil bateu a marca de 476.792 óbitos pela doença. Durante esse período a Frente elaborou o Plano Nacional de Enfrentamento à Covid-19 e outros documentos para ajudar a orientar a sociedade no enfrentamento da pandemia, como o manifesto Saúde, Educação e Assistência Social em defesa da vida e da democracia e o manifesto Ocupar escolas, proteger pessoas, valorizar a educação além de diversas denúncias sobre a má condução no enfrentamento do SARS-Cov-2. Essa semana o presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS) Fernando Pigatto entregou o Plano Nacional de Enfrentamento à Covid-19 a Renan Calheiros, relator da Comissão Parlamentar de Inquérito da pandemia. O relatório já foi mencionado pelo menos 3 vezes nas sessões da CPI.

Veja imagens da manifestação virtual da Marcha pela Vida

Tuitaço

Segundo dados levantados pela ferramenta Science Pulse, criada pelas organizações jornalísticas Núcleo Jornalismo e Volt Data Lab, com apoio do International Center for Journalists, as hashtags levantadas pela Frente pela Vida – #Frentepelavida e #umanodelutoeluta – estavam entre as mais usadas pela comunidade científica em 12 de tweets em português.

O ato com representantes das entidades da sociedade civil e parlamentares

Representantes de entidades da Frente pela vida (como Abrasco, Rede Unida, CNS) e parlamentares como os deputados federais Alexandre Padilha (PT) e Jandira Feghali (PCdoB) deram seus depoimentos no ato virtual que encerrou a 2a Marcha pela Vida.

Veja a seguir o depoimento na íntegra de Lúcia Souto, presidenta do CEBES:

Quero fazer uma saudação a todas as entidades que integram a Frente pela Vida, essa construção que é um marco histórico da vida política contemporânea. Um ano de luto e luta, não é pouca coisa. Nós fomos durante esse ano inteiro responsáveis por inúmeras manifestações, desde a campanha O Brasil Precisa do SUS, de 15 de dezembro de 2020 – que permanecerá até consolidarmos essa construção de uma vida exemplar da vida pública brasileira, que é essa política do SUS, de direito universal à cidadania.

O SUS representa um outro projeto de País, que nós vamos superar essa devastação desse projeto criminoso que hoje está indevidamente ocupando a Presidência da República.

O Túlio (Franco, coordenador da Rede Unida) colocou muito bem: a CPI está revelando toda a responsabilidade que talvez muitos não soubessem, mas sabíamos. Tanto que há mais de um ano, dia 3 de julho, apresentamos um Plano Nacional de Enfrentamento à Covid-19 – plano esse que entregamos ao presidente da CPI e ao relator, que inclusive se referiu essa semana numa sessão ao Plano como uma referência. É um plano que a Frente pela Vida construiu coletivamente.

Estamos vivendo um momento crucial da vida pública brasileira, onde estamos vendo um País devastado por esse projeto de genocídio, que tem 14 milhões de desempregados – e alguns estudos chegam a dizer que podem ser 19 milhões de desempregados – e 40 milhões de trabalhadores precários. Enfim, um País que é para 0,1% de bilionários representado pelo Paulo Guedes e todo agrupamento financeiro que querem acabar e devastar o Brasil.

Estamos hoje aqui levantando a voz e dizendo que não permitiremos que o Brasil seja ocupado por esse bando de criminosos. É o momento que estamos aqui para dizer que estamos com disposição de luta como nunca. Nunca vamos abrir mão do nosso lugar nesse País, de trabalhadoras, de trabalhadores, de dignidade.

Estamos aqui louvando a vida, a saúde e a democracia em nosso País, que eles tanto querem liquidar. Como sempre os bilionários não conseguem ganhar eleição… sempre é no golpe, sempre é na falcatrua, como foi a vitória do Bolsonaro em 2018 – uma vitória de farsa, que precisaram colocar o ex-presidente Lula na prisão. Enfim, um projeto que precisa sempre de falsear a realidade para se colocar no poder.

Estamos ventando com os mesmos ventos que estão soprando na América Latina, no Chile, na Colômbia, no Peru, na Argentina. O Brasil pertence a essa América Latina. E hoje a Frente pela Vida tem uma palavra: honrar os quase 500 mil mortos – cerca de 70% dessas mortes teriam sido evitadas. Temos obrigação, responsabilidade como País, como Nação de lembrar cada nome desses 500 mil mortos. Elas não ficarão impunes, não ficarão sem responsabilização. Estamos aqui para dizer que esse é nosso compromisso com a vida, democracia, saúde e com um País soberano e com a dignidade do povo brasileiro. Viva a frente pela Vida, viva o SUS, viva a democracia e viva o povo brasileiro“.

Carlos Lula, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass):

A gente não pode transformar a sociedade em cobaia, para fazer experimento e ver o que acontece. São quinze meses desde o início da pandemia no Brasil e, infelizmente, ainda nos deparamos com a maior figura da nossa República questionando o número de mortes. Estamos todos muito cansados, mas não desistiremos de lutar”.   

Fernando Pigatto, presidente do CNS:

Lutamos para que fosse instalada a CPI da Pandemia e estamos atuando juntos à comissão, não estamos esperando de braços cruzados. Entregamos documentos que já estão sendo utilizados para a investigação e responsabilização de quem está cometendo crimes no nosso país. Vamos continuar transformando esse luto em luta para estancar a sangria que tem acontecido

Gulnar Azevedo, presidenta da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco):

Estamos o tempo todo trabalhando para salvar vidas, defender o SUS e defender a democracia. Continuamos o nosso trabalho e hoje, estamos aqui defendendo vacina no braço, comida no prato, auxílio emergencial de R$ 600 e o fortalecimento do SUS

Túlio Franco, coordenador nacional da Rede Unida

Há um ano, estamos fazendo o enfrentamento ao governo federal, que tomou a decisão racional e insensível de expor a população brasileira a maior tragédia da sua história. Temos um cenário friamente calculado, que tem o presidente da república como responsável

Jandira Feghali, deputada federal:

“Tudo que está sendo dito na CPI está deixando claro o tamanho do crime contra a população brasileira. (…) Todos os sinais que temos neste momento são autoritários, de desrespeito à Constituição e às instituições. Temos que reforçar as jornadas democráticas e a Saúde sempre foi vanguarda na democracia brasileira”

Alexandre Padilha, deputado federal:

A articulação da Frente pela Vida é decisiva para barrarmos o atual projeto genocida e será fundamental, sobretudo, para reconstruirmos o SUS e o projeto de país. Vários problemas de saúde se agravaram diante da hiper lotação, internação e adoecimento de pessoas com Covid-19. São inúmeras pessoas que apresentam sequelas variadas neste momento, que tiveram doenças crônicas e saúde mental agravadas”.

Assista a transmissão da 2a Marcha pela Vida