OMS aponta mercado negro de soro sanguíneo em países afetados por ebola

Um mercado negro para um tratamento do ebola derivado do sangue dos sobreviventes está surgindo nos países da África Ocidental que vivem o pior surto do vírus da história, disse a Organização Mundial de Saúde.

A agência de saúde das Nações Unidas trabalhará com os governos para acabar com o comércio ilícito de soro convalescente, disse a repórteres a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, hoje em Genebra, onde está a sede da organização. Existe o perigo de que esses soros contenham outras infecções e não sejam administrados de forma apropriada, disse Chan.

A OMS está encorajando o uso do soro obtido de forma apropriada para tratar os atuais pacientes e disse na semana passada que isso deve ser uma prioridade. Um terceiro trabalhador missionário dos EUA, que foi infectado com ebola na Libéria e viajou para os EUA para receber cuidados médicos, foi tratado com transfusões sanguíneas de outro americano que se recuperou do vírus no mês passado. Os médicos têm esperanças de que os anticorpos que combatem o vírus no sangue ajudem o médico de 51 anos de idade, Rick Sacra.

“Temos esperança de que isso ative sua imunidade”, disse ontem Phil Smith, diretor médico da unidade de isolamento biológico do hospital de Omaha, Nebraska, onde Sacra está sendo tratado, durante uma teleconferência com repórteres. “Para sobreviver você precisa acumular anticorpos suficientes para neutralizar o vírus. Esperamos ganhar um pouco de tempo para ele. Em outras palavras, dar a ele anticorpos para ajudar seu sistema imunológico a enfrentar o vírus ebola e permitir que ele saia dessa”.

Mais de 300 trabalhadores da saúde foram infectados com o vírus ebola e quase metade deles morreu, disse a OMS hoje em um relatório sobre a situação.

Sangue de Brantly

Sacra deu entrada no Centro Médico de Nebraska em Omaha no dia 5 de setembro. Um dia depois, ele recebeu a primeira de duas transfusões de plasma sanguíneo de Kent Brantly, o médico missionário de 33 anos de idade tratado de forma bem-sucedida contra a doença fatal após ser retirado da África.

Um quarto paciente foi levado nesta semana para o Hospital da Universidade Emory, onde Brantly passou por cuidados médicos, e está sendo tratado na unidade de isolamento. As autoridades não divulgaram nenhum detalhe sobre o paciente. O Departamento de Estado dos EUA planeja retirar todo trabalhador americano que esteja na África e tenha sido infectado, segundo um documento do órgão.

O surto de ebola é o maior da história, contaminando 4.784 pessoas e matando mais de 2.400 nos países da África Ocidental, disse Chan hoje. Na Libéria, quase 400 casos confirmados ou prováveis surgiram na semana passada, quase o dobro de novos casos notificados na semana anterior, com aumento principalmente na capital, Monróvia, disse a OMS.

O sangue dos sobreviventes tem anticorpos naturais contra o ebola. Os anticorpos são produzidos por células sanguíneas brancas e se ligam a invasores estranhos, como vírus e bactérias, neutralizando-os ou sinalizando-os para destruição por outras partes do sistema imunológico. Cerca de metade das pessoas infectadas durante o atual surto sobreviveu, fornecendo um grupo potencial de doadores.

A OMS está ajudando a estabelecer um sistema que pode ser usado para tirar sangue de forma segura daqueles que se recuperaram da doença, prepará-lo e reinjetá-lo nos pacientes. Os médicos do Emory e de Nebraska estão também trabalhando em listas de sobreviventes por tipo sanguíneo que possam doar.

O Instituto Nacional de Saúde dos EUA está trabalhando em uma vacina do ebola e outros tratamentos estão sendo desenvolvidos pela Tekmira Pharmaceuticals Corp., pela Fujifilm Holdings Corp., pela BioCryst Pharmaceuticals Inc. e pela Sarepta Therapeutics Inc.

 

Fonte: Uol Notícias