Nota do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP
Nota do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP
Nós, professores e pesquisadores do Departamento de Medicina Preventiva vimos a público expressar nossa indignação diante dos casos de violação de direitos, discriminação e violências ocorridos na Faculdade de Medicina da USP. Também estamos consternados com o fato de não termos estado cientes de toda essa situação e portanto falhado em proteger os mais vulneráveis e mesmo já estarmos atuando para prevenir tais situações.
Os fatos demonstram recorrentes abusos morais, físicos e sexuais, banalizados e praticados em estrutura hierárquica. Manifestamos nossa total solidariedade às vítimas e defendemos uma série de intervenções para mudar essa situação.
Iniciamos declarando nosso total e fundamental apoio aos alunos que, corajosamente, tornaram públicas as violações.
Apoiamos o trabalho sério e competente que foi realizado até agora pela Comissão contra Violência, Preconceito e Consumo de Álcool e Drogas da FMUSP e confiamos na aprovação do seu relatório pela Congregação. E sabemos que ora apenas se inicia um longo e paciente trabalho para uma nova cultura institucional.
Depositamos nossas expectativas e esperanças na decisão do diretor da Faculdade, Prof. José Otávio Costa Auler Júnior, de criação do Centro de Defesa dos Direitos Humanos da FMUSP, que prevê ouvidoria, apoio às vítimas, responsabilização dos autores, campanhas de promoção dos direitos humanos e iniciativas de boa convivência.
Saudamos o compromisso assumido pelos alunos e por suas diversas formas organizativas (Coletivos, CAOC, Atlética e Show Medicina), em não mais admitir nenhuma manifestação ou ato de violência e discriminação.
Presentes na sociedade, a violência sexual, o assédio moral, a homofobia e o racismo afetam não só a FMUSP, mas também diversas Universidades do Brasil e do mundo. Infelizmente, são ainda escassas no País as iniciativas para reconhecer e combater essas violações aos Direitos Humanos no ambiente universitário.
São urgentes e necessárias mudanças que sintonizem a Universidade com valores sociais de respeito às diferenças e boa convivência na pluralidade de indivíduos, com consequente formação de médicos adequados ao que a sociedade brasileira espera, profissionais capazes de unir a competência técnica com a ética e o respeito aos direitos humanos.
São Paulo, 14 de novembro de 2014.