Mesmo com ordem judicial, idosa morre após sete dias aguardando vaga
Morreu no domingo, às 4h30m, a aposentada Magda Lúcia dos Santos, de 61 anos, internada com acidente vascular cerebral (AVC), no Posto Municipal da Vila São João, em São João de Meriti, após sete dias na busca por um hospital que a atendesse. Necessitando de transferência para uma unidade com setor de neurologia, Magda não resistiu.
Mesmo com ordem judicial determinando a transferência imediata para um CTI, a família não conseguiu vaga numa unidade do município ou do estado. A Secretaria municipal de Saúde de São João de Meriti alega ter informado a gravidade do caso e tentado uma vaga em pelo menos 40 hospitais e clínicas.
Patrícia Santos de Almeida, de 33 anos, filha de Magda pretende processar o Estado por negligência:
— Quero justiça. Somos pobres, da Baixada, mas somos cidadãos.
Desesperada, Patrícia procurou na última sexta, 15, a Defensoria Pública. No mesmo dia, o juiz Luis André Bruzzi Ribeiro determinou a remoção imediata da paciente. Caso não houvesse vagas nas redes públicas, a ordem era para que estado e município custeassem as despesas de um hospital particular. A família de Magda passou o sábado na 64ª DP (São João de Meriti) para fazer com que a polícia obrigasse o posto a atender à ordem judicial.
A prefeitura de São João de Meriti informou que, desde o dia 13, o posto de saúde vinha solicitando um leito em CTI neurológico. O pedido foi feito à Central de Regulação de Serviços de Saúde, órgão estadual que gerencia a distribuição das vagas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).
Já a subsecretária estadual de Atenção à Saúde, Hellen Miyamoto, informou que, no dia 11, a Central de Regulação tomou conhecimento informalmente do caso da paciente, que apresentaria quadro de acidente vascular hemorrágico extenso, com risco de morte, e que, neste caso, não caberia a solicitação de vaga de CTI à central, e que ela deveria ter sido imediatamente levada a uma unidade de emergência com neurocirurgia na Região Metropolitana. A Secretaria de Saúde afirma, porém, que “não fez qualquer solicitação informal” e que nem recebeu orientação “para transferir a paciente para outras unidades sem confirmação prévia”.