Investigação do MP revela hospital que cobrava por cirurgia pelo SUS
O procedimento deveria ser de graça. Uma agricultora pagou R$ 650 pela cirurgia no filho. O médico recebeu do SUS mais R$ 1,4 mil.
Na Paraíba, um esquema criminoso facilita a realização de cirurgias em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS).
Sem saber que era filmada, Maria José, a enfermeira que negocia a operação, diz como corta caminho para acelerar uma cirurgia pelo SUS. “Ele vai ter que botar como se fosse urgência, sem ser. Acho que uma cirurgia dessas dela, fazendo um pacote, acho que fica em média de uns R$ 1,5 mil”, diz a enfermeira.
O médico ortopedista Godofredo Borborema promete rapidez na cirurgia. “A gente faz o seguinte: interna ela hoje, aí amanhã ela já vai embora”. “É tudo pelo SUS?”, pergunta o produtor. “É, a gente dá um jeitinho”, garante o médico.
O jeitinho era dado depois que o paciente pagava pelo procedimento, que deveria ser de graça. Uma agricultora que não quis se identificar pagou R$ 650 pela cirurgia no filho. O médico recebeu do SUS mais R$ 1,4 mil.
“Se eu tivesse pensado mais, talvez nem tivesse pago. Só tentamos resolver”, conta a agricultura.
O Ministério Público investigou e descobriu ainda outros golpes. Alguns pacientes pagavam a cirurgia com dinheiro do DPVAT, seguro do governo que indeniza vítimas de acidentes de trânsito. Um funcionário do hospital regional de Campina Grande facilitava a liberação do benefício, ficava com uma parte do dinheiro, e o resto era repassado para custear o esquema.
“São três fontes em que necessariamente essa organização criminosa se servia para de fato não só extorquir a pessoa, como também o próprio poder público”, diz o procurador geral de Justiça Osvaldo Trigueiro.
O médico Godofredo Borborema e um funcionário do hospital estão presos. Outras três pessoas envolvidas no esquema foram presas nesta quinta-feira (17) na Paraíba.
Bom dia Brasil (18/03/2011)