Padilha autoriza curso de Medicina em SP

O Estado de S. Paulo – 19/11/2011

Um dia após o Ministério da Educação (MEC) anunciar o fechamento de 446 vagas em cursos de Medicina mal avaliados no Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes), foi autorizada a abertura de uma faculdade na zona leste de São Paulo, ligada ao Hospital Santa Marcelina.

O curso deve começar a funcionar em julho de 2012 e oferecerá 50 vagas por semestre. O anúncio oficial foi feito ontem pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante assinatura de convênio que incluiu o Santa Marcelina no programa SOS Emergências – que tem como objetivo qualificar a gestão e o atendimento nas emergências de grandes hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“O Ministério da Saúde defende o fechamento de vagas em cursos mal avaliados, mas também a criação de novas vagas em locais com baixa concentração de médicos”, afirmou o ministro. Segundo ele, a ideia é que o jovem carente da região curse Medicina com recursos do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). “Foram escolhidos cem bairros de São Paulo com maior concentração de pobreza”, explicou.

Mas entidades médicas têm criticado a abertura de novos cursos. Segundo Renato Azevedo, presidente do Cremesp, foram 40 novos cursos nos últimos oito anos. “Muitos nem contam com hospital-escola nem têm condições de formar médicos de qualidade.”

Graças ao convênio firmado ontem, o Santa Marcelina receberá R$ 3 milhões para reformar o pronto-socorro e melhorar a infraestrutura de atendimento. Outros R$ 3,6 milhões serão liberados anualmente pelo governo federal para ajudar a custear o atendimento ao SUS.

Em agosto, o hospital fechou as portas por nove dias por superlotação. “A partir de janeiro começa a funcionar uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) provisória e dentro de um ano deve estar pronta a unidade definitiva, que vai funcionar no estacionamento e diminuir a demanda para o pronto-socorro”, explicou a irmã Monique Bourget, diretora da unidade. Segundo ela, isso deve melhorar com a assinatura do convênio.

Dados do Ministério da Saúde apontam que as UPAs conseguem resolver 96% dos casos que, sem elas, chegariam aos pronto-socorros e hospitais de alta complexidade.