Fatia de gasto com idoso é maior em plano de autogestão
Valor Econômico – 21 de novembro de 2011
Adriana Maegor
Com o aumento da expectativa de vida, o idoso representa uma parcela crescente dos gastos dos planos de saúde. Nas empresas de autogestão, essa fatia é ainda maior. A 12ª Pesquisa Nacional da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), a ser lançada hoje, faz um raio-x do segmento no Brasil.
O levantamento, referente ao ano de 2010, foi realizado com 48 das 140 operadoras de autogestão credenciadas à entidade. A amostra responde por mais de 3,2 milhões de vidas, 62,4% dos usuários do segmento no Brasil.
No sistema de autogestão, a própria empresa ou outra organização institui e administra, sem fins lucrativos, o programa de assistência à saúde dos beneficiários. O segmento registrou receita de R$ 8,4 bilhões em 2010, quando todo o setor de saúde suplementar faturou R$ 74,2 bilhões, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
O levantamento mostra que o segmento de autogestão é o que possui maior proporção de idosos. Entre os beneficiários das operadoras consultadas, 22,3% tinham mais de 60 anos em 2010. No ano anterior, eram 20,8%. Em todo o sistema de saúde suplementar, o índice é de 11,2%.
Os gastos com a população de mais de 59 anos são quase sete vezes maiores do que as despesas com os jovens de 0 a 17 anos.
As despesas dos planos de autogestão somaram R$ 7,5 bilhões em 2010, de acordo com a presidente da Unidas, Denise Eloi, que é gerente na Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi).
O impacto das despesas também cresceu no período. Enquanto no ano passado a relação entre as despesas administrativas e a receita total foi de 15,4%, em 2009 o índice foi de 12,4%. Esse indicador de eficiência administrativa tem aumentado, de acordo com Denise, porque, “para garantir o acesso em algumas regiões do país, operadoras têm investido na verticalização, com estrutura própria de serviços básicos de saúde”.
As despesas hospitalares representam mais da metade dos gastos dos planos de autogestão e são as que mais crescem. Dessa fatia, 49,3% são recursos destinados à compra de materiais, órteses, próteses e medicamentos. “Há uma distorção do sistema, pois a maior parte dos recursos vai para insumos, em vez de melhorar a remuneração dos médicos”, diz Denise.
Uma redução de 5% nos custos de insumos permitiria aumentar em pelo menos 30% os honorários médicos, segundo a executiva. No entanto, embora o gasto com materiais e medicamentos tenha caído em relação a 2009, quando significava 56,5% das despesas hospitalares, a parcela dos honorários médicos ficou praticamente estável, em torno de 12,5%.