Saúde impulsiona indústria de diagnósticos
O aumento do número de brasileiros que têm acesso a planos de saúde vem impulsionando o mercado de diagnóstico por imagem no País. De 36,8 milhões de beneficiários de planos privados de assistência médica em 2006, o Brasil passou em cinco anos para 45,5 milhões de contratantes desse tipo de serviço, um aumento de 23%. Em junho de 2011, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) já computava 46,6 milhões de beneficiários, ou 24,4% da população.
De olho nessa mudança, a francesa Guerbet, multinacional farmacêutica especializada em contrastes para exames de raios-X e ressonância magnética, planeja dobrar sua capacidade produtiva no País até 2013. No segmento de equipamentos, os investimentos da Siemens devem chegar a US$ 50 milhões em 2011 para expandir seu negócio de cuidados com saúde. Outra gigante da área de equipamentos, a GE Healthcare, iniciou em 2009 um plano global de investimentos de US$ 6 bilhões que vai até 2015, incluindo mercados emergentes, e tem como objetivo ampliar acesso das populações a sistemas de diagnóstico de saúde.
Para dobrar a capacidade, a Guerbet deve investir R$ 5 milhões ao ano, seu capital próprio, até 2013, em novas máquinas para sua planta fluminense e no treinamento de pessoal. Um equipamento para o enchimento de frascos deve elevar de 10 mil para 20 mil frascos preenchidos por hora, e um de lavagem triplicará a capacidade para 9 mil frascos lavados nesse tempo. “Entre 2008 e 2012 vamos trocar todas as máquinas do nosso processo”, diz Alexis Peyroles, diretor da filial nacional. De acordo com ele, por enquanto não há planos de uma nova fábrica no País. “Mas com todos esses investimentos e com a implantação do sistema Lean de gerenciamento da planta atual, é quase uma nova fábrica”, afirma, referindo-se ao modelo fabril da Toyota implementado na unidade.
De uma produção de 4 milhões de frascos, a empresa pretende chegar a 8 milhões nos próximos dois anos. “O plano é usar a fábrica brasileira para produzir para a Ásia, para países como Coreia e Taiwan e para o sudeste asiático”, revela. Hoje, a fábrica exporta apenas 10% de sua produção, principalmente para países da América Latina. O objetivo é chegar a 40% de produção para o mercado externo. No mercado interno, a empresa, líder no setor com 45% de participação no mercado, espera ampliar essa fatia para 50%, com novos produtos importados, como contrastes em soft bags e seringas preenchidas.
A produção brasileira representa hoje 25% do total do grupo, a expectativa é ampliar essa participação para até 35%. O faturamento da empresa em 2010 foi de R$ 100 milhões, um crescimento de 10% em relação a 2009. Para 2011, a expectativa de crescimento é de apenas 2%, devido a uma queda de preços. “Temos uma competição maior no mercado e nossos clientes passam por processos de fusão que aumenta seu poder de compra”, afirma. Como novo competidor, Peyroles cita a GE Healthcare, que tem trazido contrastes importados para o mercado brasileiro.
O mercado nacional de contrastes cresce em média 10% ao ano, afirma o executivo. “Você tem um crescimento da classe média no Brasil, mais pessoas têm acesso a planos de saúde e, consequentemente, aos exames de diagnóstico por imagem.”
Neste ano, a empresa completa 38 anos no Brasil e 20 de fabricação local, e pretende ampliar a realização de testes clínicos no País. De acordo com Peyroles, uma dificuldade para esse tipo de estudo por aqui é a demora de até oito meses para a autorização de realização. Mas a qualidade é uma vantagem competitiva. “O alto nível dos centros clínicos no Brasil vai possibilitar essa ampliação. A qualidade aqui é muito alta: você tem grupos de diagnóstico com mais de 100 máquinas de ressonância, isso não existe na Europa”, diz.
Equipamentos
Para a Siemens, muitos dos clientes nos mercados emergentes estão enfrentando o mesmo desafio, ter de tratar um grande número de pacientes, muitas vezes sob circunstâncias difíceis e com orçamentos apertados. Assim, a companhia optou por uma estratégia de desenvolvimento de produtos robustos, mas de alta qualidade a um preço atraente. Desde 2001, a empresa fabrica no País – que é um dos 10 maiores mercados da Siemens no mundo – o sistema Multix B de raios-X que, segundo a companhia, estabeleceu um novo padrão de preços na categoria e cujas vendas chegaram a mais de 750 unidades. A multinacional estima que 30% de toda a produção de imagens digitais para diagnóstico no Brasil seja executada com equipamentos seus.
Neste ano, a Siemens Healthcare investiu US$ 50 milhões para expandir o negócio no País. Esse não será o último investimento no mercado da saúde em terras brasileiras. Como anunciado em julho pelo CEO da Siemens AG, Peter Loescher, a multinacional deverá investir mais de US$ 600 milhões em suas atividades no Brasil nos próximos cinco anos. Recentemente, a alemã entrou no mercado de equipamentos laboratoriais. Para a empresa, há diferenças e semelhanças nas soluções diagnósticas in vitro e in vivo, mas ambas são complementares. Para a Siemens, por exemplo, a modalidade de produção de imagens (in vivo), é um negócio de investimento industrial, em termos de ciclos de investimento e substituição. Isso contribui para uma maior volatilidade do que no negócio in vitro
Com uma fábrica de equipamentos de raios-X e mamógrafos no Brasil, a GE também aposta nos produtos mais básicos e acessíveis. Em breve a empresa afirma que começará a produzir também equipamentos de tomografia, ressonância e ultrassonografia. “O Brasil é foco de grande crescimento para a GE por isso tem sido muito valorizado”, diz a diretora de Marketing, Débora Telésio.Por isso, a companhia estima ter um crescimento de cerca de 20% este ano. A aposta da empresa é um equipamento de ultrassom portátil, o que permite levar equipamento às áreas mais carentes.
A América Latina que sempre foi ligada aos EUA, agora é polo separado dentro da GE.