Médica considera grave o risco nos hemocentros

Hematologista defende sistema informatizado para acompanhamento das transfusões de sangue no Brasil

BRASÍLIA – O Estado de S.Paulo

O fato de quase 50% dos serviços de hemoterapia serem classificados pela Anvisa como de alto e médio risco representa grave problema de Saúde pública, diz a hematologista da Fundação Pró-Sangue Selma Soriano. “O controle de como e quando o sangue é usado para transfusão é falho, o que abre espaço para desperdício e uso de bolsas com desvio de padrões de qualidade”, afirma.

Boletim da Anvisa com base em informações de 21% dos serviços de hemoterapia do País mostrou que 47% dos centros tinha problemas na calibragem de equipamentos e 46%, na manutenção. Para a médica, o ideal seria que o Brasil adotasse um sistema informatizado, que acompanhasse todo o caminho da transfusão.

“Há um tempo máximo para esse processo, de 4 horas. Hoje, como o sistema é de papel, não sabemos se tal cuidado é adotado.” Nos EUA, o processo é acompanhado por sistema de código de barras.

Selma alerta para o fato de no Brasil haver indicação exagerada de transfusão. Um problema também apontado pelo coordenador nacional da política de sangue e hemoderivados do Ministério da Saúde, Guilherme Genovez. Ele diz que muitas vezes o receio com o estado do paciente motiva transfusão. “É um erro. Por mais seguro que seja o sangue usado, há sempre um risco no procedimento.” / L.F.