Novas indicações de retirada
Correio Braziliense – 07/01/2012
Mais quatro países decidiram seguir a indicação da França e passaram a recomendar a remoção das próteses da marca francesa Poly Implant Prothese (PIP). A Alemanha e a República Tcheca aconselham as cidadãs a retirarem o implante por precaução, mas sem pressa. Na América Latina, a Bolívia e a Venezuela repetem a indicação, como uma medida preventiva.
A decisão foi tomada na Venezuela após forte pressão popular. Ontem, cerca de 200 mulheres fizeram uma manifestação na frente do Ministério da Saúde, em Caracas, e entraram na Justiça com uma ação de amparo constitucional contra a PIP e a distribuidora do produto no país, Galaxia Medica. Elas exigem a cobertura dos gastos com a troca por um silicone de melhor qualidade.
Antes de falir, a PIP fabricava cerca de 100 mil próteses mamárias ao ano, 84% das quais eram enviadas à América do Sul, à Espanha e ao Reino Unido. A estimativa é de que cerca de 300 mil mulheres em 65 países tenham recebido implante da PIP. O Reino Unido foi quem mais implantou a prótese francesa. Foram 42 mil, seguido da França (30 mil) e do Brasil (24 mil).
A avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária brasileira (Anvisa) é a mesma de autoridades inglesas: a retirada é indicada apenas em caso de ruptura ou problemas no produto. Tanto na Inglaterra quanto no Brasil, as entidades de saúde afirmam que só vão mudar de posição quando souberem qual o real risco do silicone utilizado. Independentemente da marca, o Sistema Único de Saúde (SUS) realiza a cirurgia de reparação de próteses mamária caso um médico conveniado apresente um laudo confirmando a necessidade do procedimento.
Ontem, a Vigilância Sanitária do Paraná apreendeu as 10.680 próteses mamárias da PIP, que estavam armazenadas na sede da EMI Importação e Distribuição Ltda., representante do produto no país. No total, a empresa importou para o país 34.631 unidades do material e comercializou 24.534.
A polícia francesa está investigando o fundador da PIP, Jean-Claude Mas, 72 anos. Ele afirmou aos investigadores que enganou o órgão certificador e que sabia que o gel não tinha sido aprovado, mas o utilizava porque era mais barato. Após o escândalo, a União Europeia estuda rever as regras para controle dos implantes. Segundo o porta-voz da Comissão Europeia, Fréderic Vicent, duas novas propostas devem ser apresentadas ainda neste semestre.