Estudantes conversam com Dilma

Correio Braziliense – 01/02/2012

Tão distantes e, ao mesmo tempo, tão próximos de sua pátria. Foi o que sentiram, no fim da tarde de segunda-feira, cinco brasileiros estudantes de medicina em Cuba. Originados do Ceará, da Bahia e do Amazonas, os jovens não escondiam o entusiasmo. Assim que Dilma Rousseff entrou no lobby do hotel Meliá Cohiba, eles conversaram com a presidente e posaram para fotografias ao seu lado. O relato ao Correio exigiu uma boa dose de esforço e paciência. Os universitários só aceitaram conceder uma entrevista depois que chegaram a um consenso. “Aqui, aprendemos a trabalhar com o coletivo”, contou um deles. E o aval só veio depois que se certificaram de que suas palavras não seriam distorcidas e a reportagem não teria um teor contrário ao governo de Raúl Castro.

“Nós nos encontramos com a presidente e ela foi bastante receptiva. Foi mais ou menos uns dois minutos. Ela disse que estava feliz por ver brasileiros estudando aqui em Cuba”, disse Augenir dos Santos Guedes, 29 anos, natural de São Gabriel da Cachoeira (AM). Já se passaram quatro anos desde que a amazonense chegou à ilha. “Está sendo uma experiência muito importante cursar medicina aqui. O povo brasileiro precisa de médicos comprometidos com a saúde pública e as regiões mais necessitadas, como o meu estado e o Nordeste”, afirmou Augenir, que cursa o quarto ano de medicina — em Cuba, o curso é completado em seis anos.

Bolsa de estudo
De acordo com ela, o governo cubano tem a solidariedade e o internacionalismo como pontos fundamentais. “Cuba cede bolsas a jovens pobres, de famílias com menos condições e que não tiveram oportunidade de estudar medicina no Brasil”, acrescentou. Augenir espera voltar ao país natal e ajudar a população. A jovem destaca a formação “humanística e solidária” que recebeu na ilha dos irmãos Fidel e Raúl Castro.

“Um encontro muito afetivo.” Essa foi a descrição usada pelo cearense Tiago Ponciano, 27 anos, natural de Fortaleza. Segundo ele, Dilma soube do desejo do grupo de trabalhar no Sistema Único de Saúde (SUS) e em cidades com deficiência de médicos. “Vamos colocar em prática o que aprendemos aqui, no Nordeste e no norte do Amazonas. Chegaremos ao Brasil prontos para trabalhar e ajudar nosso povo”, promete.

Por questão de minutos, Fabiano Santos, 28 anos, perdeu a oportunidade de se encontrar com a presidente. Ele chegou pouco depois ao hotel, quando Dilma já havia subido ao seu apartamento. Decepção à parte, o estudante do quinto ano de medicina confessou estar feliz com a presença da conterrânea. “A gente se sente contente ao presenciar a presidente fechar acordos bilaterais dentro da indústria farmacêutica. Ver um país tão pequeno levando a medicina a uma nação tão grande, como o Brasil, é muito bom. É um prazer ter a Dilma aqui em Havana”, disse. Na manhã de ontem, o presidente assinou com Raúl Castro a atualização de acordos de cooperação técnica para o fortalecimento da pesquisa química contra o câncer e para o controle de qualidade de medicamentos.