Risco crescente

Correio Braziliense – 25/05/2012

O último relatório do Ministério da Saúde (MS) revela que mais de 30 mil brasileiros morreram em decorrência de problemas cardiovasculares em 2010. Desses, 47% eram mulheres. Os números revelam que 23.862 brasileiras foram afetadas por doenças hipertensivas, 12% a mais do que homens mortos nas mesmas condições. Elas também lideram os óbitos causados pelo acúmulo de lípides, principalmente colesterol, nas paredes das artérias: foram 737, 19% a mais que o registrado entre o público masculino.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 33% das mortes no Brasil são causadas por doenças cardiovasculares. Segundo a entidade, o aumento e a melhor distribuição de renda no país permitem que a população tenha mais acesso a produtos industrializado e processados. Além disso, o ritmo acelerado das cidades incentiva comportamentos menos saudáveis, o que expõe, cada vez mais, os brasileiros a enfermidades crônicas. O tabagismo é considerado o hábito mais perigoso à saúde do coração.

De acordo com a OMS, cerca de 1,3 bilhão de pessoas sustentam esse vício em todo globo. No Brasil, uma pesquisa realizada no último ano pelo MS, em parceria com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), estimou que 18,8% da população brasileira é fumante, sendo que 16% desse percentual é formado por mulheres. Outra preocupação é o número crescente de diabéticos no país. A pesquisa Vigilância de Fatores de Risco para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico 2011 (Vigitel) concluiu que 6% das brasileiras sofre com o diabetes e 45% delas estão acima do peso.

Tantos corações expostos às ameaças têm um custo alto para os cofres do Estado. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) estima que o Sistema Único de Saúde desembolsou R$ 3,88 bilhões para o tratamento de pacientes enfartados e vítimas de acidente vascular cerebral (AVC) em 2011. Visando frear a incidência de problemas cardiovasculares no país, em 13 de dezembro do ano passado, foi publicada no Diário Oficial da União a Portaria nº 2.994, que aprova a Linha de Cuidado do Infarto do Miocárdio e o Protocolo de Síndromes Coronarianas Agudas. A ação, que trata essas doenças de forma preventiva e acompanha o paciente desde a fase aguda até a reabilitação, já foi implementada em quase todo as unidades de saúde do Distrito Federal.

O impacto
Em 2011, o SUS gastou R$ 3,88 bilhões com o tratamento de pacientes enfartados e vítimas de AVC.