Dilma diz que documento final da Rio+20 é ‘ponto de partida’

Presidente afirmou que Brasil teve que construir ‘consenso possível’.
Países ricos não quiseram avançar no financiamento de ações, disse.

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (22), último dia da Rio+20, que o documento final da conferência, acordado por todas as delegações, é um “ponto de partida”, a partir do qual cada país deverá avançar no sentido de alcançar o desenvolvimento sustentável. Segundo ela, uma discussão com 193 países participantes da conferência sobre proteção ambiental, erradicação da pobreza e crescimento sustentável só pode levar à “construção do consenso possível”.

“O Brasil ficou responsável por construir um consenso possível. O consenso possível é um ponto de partida e não de chegada. Isso não significa que a partir daí os países não possam ter suas próprias políticas”, afirmou.

A presidente destacou que é preciso agora exigir que “a partir desse documento, as nações avancem.” “O que não podemos conceber é que alguém fique aquém dessa posição”, declarou.

Dilma ressaltou que a Rio+20 é uma conferência “multilateral” e que, portanto, precisa considerar as posições e o nível de comprometimento de todas as nações participantes. Segundo ela, o documento final da Rio+20 não atende a todas as expectativas dos brasileiros porque o Brasil é comprometido com o desenvolvimento sustentável, mas atende às expectativas da Conferência, já que é resultado de um acordo entre quase 200 países. E, de acordo com essas expectativas, de um diálogo multilateral, ela se disse “amplamente satisfeita”.

“Nós não temos que como chegar a uma posição em comum sem levar em conta que os países têm estágios diferenciados de compromisso. O que acho que é importante é que, quando você tem um documento escrito, ninguém pode negar ou esquecer o que está escrito. A vantagem é, primeiro, que foi escrito por centenas de países e, segundo, que está escrito”, disse.

A presidente lamentou o fato de não haver compromissos concretos de financiamento das ações voltadas ao desenvolvimento sustentável. Ela explicou que os países desenvolvidos não quiseram incluir a questão no texto final da Conferência.

“Os países não quiseram assinar a questão do financiamento. Uma das formas é colocar isso na pauta. Os países desenvolvidos não querem que isto seja posto na pauta. Então, só dá para avançar daqui para frente. Para avançar mais vai, ter de ter a construção de um consenso”, disse.

Sobre as críticas das Ongs e grupos da sociedade civil de não terem sido bem representados, Dilma disse que foi construído um espaço, por iniciativa do governo brasileiro, para escutá-los e que não daria para igualar o peso da voz de uma pessoa com a de uma nação.