Um FEMINISMO para 99% é pela vida das Mulheres

Um FEMINISMO PARA 99%

É pela vida das Mulheres

Nenhuma a Menos

Lucia Souto | Presidenta do Cebes

 

Cresce em todo mundo manifestações maciças do Dia Internacional da Mulher. O feminismo vem mudando o mundo em sua luta por uma sociedade sem hierarquia de gênero e a interseccionalidade com outras opressões como racismo, LGBTfobia, transmisoginia.

 

A rebeldia das mulheres traz nas vísceras a indignação contra a milenar violência e exclusão histórica, como os quatro séculos de caça às bruxas, um projeto expresso em vários textos como o famoso manual o “Malleus Maleficarum” (Martelo das Feiticeiras).

 

As mulheres vem se impondo, saindo dos inúmeros silêncios a que foram submetidas por uma cultura capitalista, colonialista, patriarcal, racista, realizando uma transformação de dimensões civilizatórias.

 

Muitas e incontáveis mulheres vem tecendo essa transformação. Mulheres como Dandara, Ângela Davis, Nancy Frazer, Margarida Alves, Rose Marie Muraro, Simone de Beauvoir, Rosa Luxemburgo, Alexandra Kollontai, Nise da Silveira, Luisa Mahin, Tia Simoa, Carolina de Jesus,  Hannah Arendt, Rosa Parkins, Frida Khalo, são exemplos dessa luta que atravessa gerações e países, que não se deixaram subjugar.

 

A nova onda de mobilização das mulheres expressa um novo tipo de feminismo que está emergindo no mundo, como na conclamação de Angela Davis e Nancy Frazer, um feminismo que enfrente os desafios de nosso tempo, um feminismo para 99%.

 

Um movimento feminista internacional com uma agenda expandida que enfrente toda a discriminação de gênero, racismo, o colonialismo, o patriarcado e a agenda ultraneoliberal do capitalismo financeiro que privilegia menos de 1% da humanidade em detrimento de 99,9 %.

 

No Brasil as mobilizações das mulheres, em sintonia com movimentos latino-americanos e de todo mundo se defronta com o golpe de 2016, golpe machista, racista, LGBTfóbico com sua agenda de retrocessos e violências. O PL 5069 de autoria de Eduardo Cunha e a PEC181, que atingiam conquistas, ainda limitadas, contra a criminalização do aborto, só foram retiradas de pauta pela ampla pressão realizada.

 

A luta por nenhum direito a menos é pela vida das mulheres e contra a liquidação dos direitos sociais de cidadania, soberania e democracia.

 

Queremos uma sociedade que respeite os direitos das mulheres negra, indígenas, LGBTs, que não mate aos jovens negras e negros.

 

Não aceitamos que uma sociedade de menos de 1% de homens, brancos, de uma elite escravocrata que pensa que pode manipular e sujugar nossos corpos, espíritos, religiosidade, e  afrontar nossos territórios.

 

Não seremos silenciadas, o CEBES é parte viva e ativa dessa onda cada vez mais extensa de mudanças.