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As microfinanças — oferta de crédito e de outros serviços bancários a juros baixos, com menos burocracia e prazos de pagamento flexíveis — atingem menos da metade das famílias pobres do mundo. Das 193,6 milhões de famílias que recebem menos de US$ 1 por dia, 47,8% têm acesso a esse tipo de serviço, de acordo com números citados num estudo do Centro Internacional de Pobreza, uma instituição de pesquisa do PNUD em parceria com o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
A Ásia é a única região em desenvolvimento em que mais da metade (68%) dos domicílios pobres são beneficiados por microcrédito. A proporção é menor na Europa Oriental e na Ásia Central (28,8%) e na América Latina (20,2%). A região em que as microfinanças têm menor penetração é África e Oriente Médio (11,4%). “O acesso aos serviços financeiros traz inúmeros benefícios. Mas menos da metade dos domicílios nos países em desenvolvimento têm acesso a serviços financeiros, comparados com mais de 70% no mundo desenvolvido”, afirma Degol Hailu, do Centro Internacional de Pobreza, autor do paper Equitable Access to Financial Services: Is Microfinancing Sufficient?.
Em 2006, de acordo com o estudo, havia 3.316 instituições de microfinanças no mundo, que atendiam a 133 milhões de famílias pobres — desse total, quase 70% estava abaixo da linha da miséria e 85% eram mulheres. Hailu destaca que o microcrédito é bastante importante para promover o acesso da população rural e de famílias pobres de centros urbanos às principais vantagens oferecidas pelos serviços financeiros. Servem de alternativa aos bancos, que freqüentemente não têm unidades em locais próximos a concentração de famílias de baixa renda. “Os pobres podem não ter o mínimo de dinheiro requerido pelo banco para abrir as contas. A falta de familiaridade com os complexos processos e as documentações envolvidas no depósito e retirada de dinheiro podem também constranger o acesso”, diz o texto.
As microfinanças ainda não estão suficientemente disseminadas entre os pobres porque ainda se concentram em zonas urbanas e são “excessivamente dependentes de fundos internacionais”, afirma Hailu no artigo. Para reverter a situação, diz o autor, freqüentemente a sugestão é ligar as instituições de microfinanças aos bancos comerciais — uma rede que traria benefícios tantos às instituições de microfinanças quanto para as bancárias. “Isso daria aos bancos uma maior base de clientes de pequenos negócios”, afirma o texto, acrescentando que esse fenômeno pode ser chamado de “formalização da economia informal”. Esse processo, ressalva, não garante que um número suficiente de pobres seja beneficiado, pois há carência de bancos comerciais, principalmente na zona rural.
Nesse sentido, defende Hailu, é preciso que as políticas públicas incluam financiamento direto aos pobres — como é feito na China, por meio de cooperativas de crédito rural, e no Vietnã, por meio de um banco público. Nesses dois países, “a política pública buscou o desenvolvimento rural por meio de programas de crédito em setores intensivos de mão-de-obra”, destaca. Não por acaso, nas duas nações asiáticas a pobreza tem caído rapidamente.
Fonte: PNUD