Carta da Fiocruz aos candidatos à Presidência da República e à Sociedade
Em Agosto de 2022, o Conselho Deliberativo da Fiocruz publicou o documento Carta da Fiocruz aos candidatos à Presidência da República e à Sociedade com 10 diretrizes estratégicas para a Saúde no Brasil. Acesse a publicação no link ou no final desse texto. Veja a seguir o texto de introdução da publicação.
Em meio a uma das mais graves e complexas crises que já assolaram o país e o mundo, envolvendo múltiplas dimensões articuladas (econômica, política, social, ambiental, sanitária e humanitária), o IX Congresso Interno da Fiocruz, instância máxima de definição dos rumos institucionais, lançou, em seu documento final, aprovado pelo Conselho Deliberativo da Fiocruz em 23 de março de 2022, o desafio de olhar para frente e apresentar propostas institucionais para, junto a outros atores sociais, construir um país que assegure vida digna a toda a população brasileira.
Neste momento de definição de novos rumos para o Brasil, a Fiocruz reafirma sua missão para enfrentar os problemas histórico-estruturais que caracterizam nossa sociedade – os legados do passado escravagista e colonial, as profundas desigualdades sociais, uma inserção internacional que expressa as imensas assimetrias do capitalismo global na distribuição da riqueza e no acesso ao progresso técnico e ao bem-estar, a degradação ambiental e a permanente necessidade de avanço no processo de construção democrática e de fortalecimento de um Estado a serviço da sociedade e da vida.
É premente que nosso presente seja impregnado da vontade e do agir para a construção de uma sociedade desenvolvida, sustentável, equânime e democrática. É necessário rever o modelo de desenvolvimento vigente no país, de caráter concentrador de renda, excludente e não sustentável social e ambientalmente. Um novo modelo de desenvolvimento deve ter a justiça social, a democracia e a preservação do ambiente como finalidades e a saúde, a ciência, a tecnologia e inovação, a educação e a cultura como elementos basilares.
Por isso, a Fiocruz se soma aos movimentos de defesa do Sistema Único de Saúde como parte essencial da democracia e de uma proteção social abrangente. Não haverá desenvolvimento sustentável, justiça e equidade sem direito universal à saúde. Da mesma forma, o investimento em ciência, tecnologia e inovação é base essencial para viabilizar a retomada do desenvolvimento e uma inserção internacional soberana, baseada no conhecimento, em uma agenda internacional movida pela solidariedade e que reduza as assimetrias globais de domínio e acesso a tecnologias, conhecimentos, produtos e serviços em saúde.
Na construção desse futuro afirma-se ainda a democracia como um valor universal. Por isso a Fiocruz se une, no cenário nacional, a outros atores – organizações públicas, privadas e sociedade civil organizada – na busca por um ambiente social que privilegie o diálogo e a participação popular nos processos decisórios.
No ano do bicentenário da Independência e dos 150 anos do nascimento de Oswaldo Cruz, cientista símbolo do compromisso da ciência com a sociedade, a Fiocruz apresenta sua contribuição para o debate, no curso do processo eleitoral para a Presidência da República, a partir de dez diretrizes transformadoras.
Diretrizes Estratégicas: contribuição da Fiocruz
- Fortalecer o SUS como prioridade máxima do estado de bemestar no Brasil
- Priorizar a CT&I para a Sociedade, o Ambiente e a Economia
- Desenvolver o Complexo Econômico -Industrial da Saúde (Ceis) para a soberania nacional
- Promover o desenvolvimento sustentável: a defesa da vida como paradigma de política pública
- Valorizar a educação como base da cidadania e do desenvolvimento inclusivo
- Garantir a democracia: diversidade, inclusão e equidade
- Constituir um Estado soberano, qualificado e socialmente inserido
- Valorizar o trabalho e o serviço público
- Promover a Agenda 2030 e uma ação integrada nos determinantes sociais da saúde para enfrentar a emergência climática e ambiental
- Promover a solidariedade na cooperação internacional em saúde e na CT&I para reduzir as fortes assimetrias globais
Acesse a publicação na íntegra a seguir no formato PDF: