Frente Pela Vida se reúne com integrantes da saúde da equipe de transição do novo governo
Frente pela Vida promoveu sua primeira plenária nessa quarta (9) após o resultados das eleições presidenciais de 2022, que culminou na vitória de Luís Inácio Lula da Silva. Estiveram presentes dois integrantes da equipe de transição da área da saúde do novo governo: os ex-ministros da Saúde os ex-ministros Arthur Chioro e Alexandre Padilha. O jornalista Bruno Dias, da Abrasco, escreveu uma matéria sobre o encontro.
Além de Padilha e Chioro, integram a equipe de transição: o ex-ministro da Saúde e ex-presidente do Cebes José Gomes Temporão e o senador e ex-ministro da Saúde Humberto Costa. Em entrevista para a imprensa, Humberto Costa informou, também nessa quarta, que será necessário buscar ao menos mais R$ 22 bilhões para a área da saúde em 2023 em relação ao orçamento proposto pelo atual governo. O orçamento do ano que vem proposto pelo governo Bolsonaro prevê R$ 149,9 bilhões para a área.
Mais de 60 participantes representantes de entidades científicas, profissionais, movimentos sociais e partidos de esquerda participaram da Plenária da Frente Pela Vida realizada nesta quarta, dia 9. A atividade, a primeira após a eleição do terceiro mandato de Luis Inácio Lula da Silva, foi marcada pela avaliação da campanha e pelo diálogo com representantes da equipe de transição de governo da área da saúde. Numa demonstração de reforço da sua unidade, a Frente destacou seu compromisso com políticas em torno do SUS %100 público, e não ao redor de nomes. Nas próximas semanas, a Carta-Compromisso da Frente aprovada na Conferência Livre, Democrática e Popular será formalmente entregue à equipe de transição.
Convidados à plenária, estiveram presentes os ex-ministros Arthur Chioro e Alexandre Padilha, nomeados oficialmente para o grupo de transição. Chioro destacou a grande presença do SUS nas falas e preocupações do Presidente Lula. “É alvissareira a situação do onde partimos nos debates e na defesa do SUS. Nunca partimos de um patamar e de uma clareza tão bem estabelecidas como neste momento”.
O ex-ministro ressaltou que não havia a clareza, por parte da equipe do presidente Lula, do quanto o orçamento do Ministério da Saúde estava sacrificado. Essa informação tem sido entendida como central no debate para a redação da PEC Emergencial. “Independentemente do mecanismo a ser adotado, esse governo vai romper com a ideia da austeridade, uma vitória do SUS”, completou Chioro.
Já Alexandre Padilha ressaltou o papel da Frente Pela Vida na construção da campanha Lula, o que qualifica o movimento sanitário como um dos primeiros setores a serem ouvidos pela equipe de transição. “Vamos construir um momento formal na agenda para esse diálogo. A produção da Frente vai compor o relatório que vamos entregar a Lula e Alckmin. Precisamos elaborar esse diagnóstico para construir uma terapia para a saúde do Brasil a partir desse documento”, disse o deputado federal.
Movimento social seguirá alegre e vigilante, no apoio e na pressão:
Fernando Pigatto, presidente do Conselho Nacional de Saúde, disse da emoção que a vitória de Lula diante das forças do atraso precisa significar para o movimento social “Precisamos celebrar e multiplicar essa vitória. A Frente Pela Vida teve um papel fundamental e será esse sentimento que permitirá nossas pautas acontecerem. Já está claro que essa transição não será somente técnica, e sim, técnica-política. Precisamos aproveitar todos os espaços possíveis do processo da 17ª Conferência Nacional de Saúde para travar o debate e manter a sociedade mobilizada, pois governo, assim como feijão, só funcionam na pressão”.
A presidente da Abrasco e integrante da Operativa da Frente Pela Vida Rosana Onocko Campos saudou toda a militância da Frente por fazer luta política com unidade. “Fomos extremamente bem sucedidos ao colocar pontos da defesa e fortalecimento do SUS na agenda das eleições. Isso demonstra como a Frente reforçou seu papel como ator político amadurecido na construção de consensos. É correta a nossa decisão de propor e lutar por políticas públicas de fortalecimento do SUS, e não nos reduzir em articulações por nomes e cargos. Nosso papel é ser movimento social. Foi Lula que nos pediu isso na Conferência Livre e Democrática de Saúde. Pediu isso para que possamos criticá-lo, se necessário”, disse Rosana.
Tulio Franco, coordenador da Rede Unida e também da Operativa, destacou o caráter único da Frente como movimento social com característica de frente ampla. “Precisamos nos preparar para uma disputa que vai durar bastante tempo. É ótimo ver que essa equipe de transição tem sua referência no movimento social. Vamos precisar mobilizar ainda mais, o que exigirá uma melhor linha de comunicação e reforço do nosso compromisso coletivo. Assim, munidos de informações e posicionamentos, iremos contribuir com os decisores políticos”.
Por fim, Lúcia Souto, presidente do Cebes e também da Operativa, fez uma homenagem à saudade deixada pela cantora Gal Costa que faleceu nesse dia 9 e apontou que a atual crise do neoliberalismo promoverá um reposicionamento das forças democráticas, exigindo mais unidade, fraternidade e diversidade.
“Queremos construir um Brasil que nunca aconteceu. Esse Brasil que ganhou as eleições precisa mostrar e estar repleto de novas práticas. É uma transformação que vamos fazer e estamos credenciados para realizá-la. O desafio será grande, mas criamos as condições para fazê-lo e dele não vamos abrir mão”, encerrou Lúcia.