Saúde em Debate v. 48 n. 143 (2024)

O editorial desta edição da revista traz para o debate o conceito de Saúde Única: “O discurso instituído pela ‘Uma Só Saúde’ coloca o nível do mundo dos homens, dos animais, dos vegetais e do contexto biológico em um só plano, sem considerar o biopoder e a biopolítica existentes nas relações sociedade-natureza e capital-trabalho. Parece-nos um retrocesso substituir as políticas de Saúde Pública, pautadas pelos conceitos do campo da Saúde Coletiva, apenas pelo olhar do controle de zoonoses, das ‘boas práticas de laboratório’, do ‘uso de drones’ e de ‘gadgets’, dispensando a epidemiologia crítica e social, as ciências sociais e humanas, a ecologia política, entre outros campos disciplinares que tão bem foram amalgamados no confronto da realidade contemporânea, que, a partir da metade do século XX, evidenciaram como as nocividades decorrentes da exploração social e da natureza afetam a saúde de modo interdependente e estão a produzir novas crises sanitárias cada vez mais complexas.

[…] O Cebes acredita que democracia é saúde e que a saúde e a vida humana na Terra são processos socioambientais historicamente determinados e cada vez mais mediados pelos modos de produzir, trabalhar, consumir, valorar a natureza e de se relacionar com as dimensões culturais das subjetividades, da política, da cultura e das artes. Por isso, reafirma que a saúde é produto da acumulação social e uma conquista popular. Atuar com base nesses princípios implica intervir no biopoder e na biopolítica, no comando das políticas institucionais de saúde pública subordinadas ao processo de participação social e com base nos pressupostos da saúde coletiva fundada na determinação econômica e social da saúde.”

Temas abordados: gestão do saneamento básico no Amazonas; medicamentos isentos de prescrição registrados no Brasil; barreiras de acesso: percepção das trabalhadoras do Consultório na Rua; cuidado em saúde mental de adolescentes em regime socioeducativo; sofrimento mental dos trabalhadores dos Caps; determinantes sociais da saúde em Angola; morbidade por Tuberculose Extrapulmonar no Brasil; Práticas Integrativas e Complementares na Atenção Primária à Saúde no nordeste brasileiro; Educação Interprofissional na Residência Multiprofissional em Atenção Primária à Saúde; Rede de Mulheres Produtoras do Pajeú na construção de territórios agroecológicos na convivência com o Semiárido; atendimento de saúde a residentes fronteiriços; racismo em ambientes de saúde e fatores associados em mulheres negras; gestão municipal da Assistência Farmacêutica: resultados do Qualifica AF; atitudes colaborativas interprofissionais na Estratégia Saúde da Família; saúde dos adolescentes nos países do Mercosul; disparidades sociodemográficas no câncer colorretal no Brasil; precarização do trabalho em plataformas digitais; saúde bucal no SUS durante a pandemia de covid-19; geografia e saúde: a produção contemporânea de uma teoria espacial enferma.

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