In Memoriam – Wilson Fadul, o ministro da Saúde de João Goulart
Publicamos, com algum atraso, o falecimento do ex-ministro da Saúde Wilson Fadul (4 de fevereiro de 1920 – 18 de outubro de 2011).
Fadul foi importante para o movimento sanitário brasileiro por ter organizado a III Conferência Nacional de Saúde, em dezembro de 1963, e por ter estimulado a indústria nacional de medicamentos.
Formado em medicina, iniciou sua carreira política como vereador em Campo Grande (atual Mato Grosso do Sul) em 1950. Depois, se elegeu como prefeito e três vezes como deputado federal.
Em seu segundo mandato federal foi escolhido pelo presidente João Goulart para ser o ministro da Saúde, cargo que ocupou entre 17 de junho de 1963 a 5 de abril de 1964.
Entre os marcos de seu ministério está o fortalecimento da indústria farmacêutica nacional. Fadul constatou que 95% do setor estava desnacionalizado e, para reverter a situação, proibiu a importação de matéria prima para a indústria farmacêutica a preços fora da concorrência internacional e incentivou a implantação de uma indústria química de base no país.
A III Conferência, outro marco do movimento sanitário brasileiro, teve o objetivo de fixar as bases de uma política nacional de saúde. Na opinião de Sonia Fleury, ex-presidente do Cebes, a III e a VIII conferências foram as mais importantes do país.
As opiniões de Fadul sobre o sistema de saúde brasileiro podem ser lidas em uma entrevista dada ao Cebes na sétima edição da revista Saúde em Debate, de 1978. “É preciso que se lute contra essa tendência de privatizar a Medicina ou de dividí-la em duas partes: uma que cabe ao Ministério da Saúde, porque é saúde pública, coletiva; e outra individual, que é confiada ao Ministério da Previdência”, afirmou.
Antes de ser ministro, Fadul integrou a comissão encarregada de elaborar a Emenda Constitucional nº 4 (2/7/1961), que implantou o regime parlamentarista, adotado como forma conciliatória para permitir que o vice-presidente João Goulart -cujo nome era vetado pelos ministros militares- pudesse assumir o cargo renunciado por Jânio Quadros.
Fadul perdeu o cargo quatro dias após o Golpe Militar de 1968. Para saber mais sobre sua biografia, consulte as páginas do CPDOC e do Ministério da Saúde.
Seu filho, o jornalista Wilson Fadul Filho, assessor do senado federal, e o médico sanitarista José do Vale Pinheiro Feitosa, da Fundação Nacional de Saúde, escreveram uma homenagem que pode ser baixada em PDF a seguir.