Curitiba promove Vigília da Aids: “Não ao preconceito. Sim à solidariedade”

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Nesta sexta-feira o Grupo Dignidade e outras organizações que integram a Comissão Municipal de Prevenção e Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (órgão do Conselho Municipal de Saúde), bem como a própria Secretaria Municipal da Saúde, estiveram na Boca Maldita no centro de Curitiba realizando a Vigília da Aids. Foi instalado um laço vermelho de 2 metros – o laço é o símbolo internacional da solidariedade da luta contra a aids. Foram realizadas atividades de educação em Saúde e prevenção as DST e Aids e também foram entregues aos transeuntes mudas de árvores frutíferas. A mobilização tem como objetivo homenagear as pessoas que morreram em consequência da doença e, principalmente, chamar a atenção da população para a necessidade de se prevenir e também de se tratar, no caso de quem tem o vírus HIV. O evento também pretende conscientizar para reduzir o estigma associado à doença e por isso tem o lema “Não ao preconceito. Sim à solidariedade”.

Segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (anexo), desde o início da epidemia há 30 anos houve 2.389 óbitos por aids na cidade, sendo 1.689 homens e 709 mulheres. Nos últimos 5 anos a média foi de 130 óbitos por ano, perfazendo um óbito a cada 3 dias em média.

Segundo Toni Reis, diretor-executivo do Grupo Dignidade, este dado aponta para duas questões essenciais: a importância de fazer o teste do HIV sempre que se tenha exposto a uma situação de risco de infecção; e a importância da adesão ao tratamento em caso de estar com a doença. “Quanto mais cedo a pessoa se descobrir HIV positiva, melhor do ponto de vista do acompanhamento médico. Desta forma, por meio de exames laboratoriais, será possível controlar a carga viral (quantidade do vírus HIV circulando no organismo) e o número de células CD4 (ajudam a defender o organismo contra doenças). A pessoa com contagem de células CD4 abaixo de 500 deve iniciar o tratamento antirretroviral. O tratamento diminui a carga viral a ajuda a aumentar o nível de células CD4. Quem se adere ao tratamento tem possibilidade de longa sobrevida com qualidade de vida”, informa.

Em Curitiba qualquer pessoa pode fazer o teste de HIV de graça em qualquer Unidade Municipal de Saúde. Em caso de resultado positivo, a pessoa é encaminhada a um serviço especializado para acompanhamento clínico, como o Centro de Orientação e Aconselhamento, que fica no centro da cidade, na Rua do Rosário, 144, no 6º andar. Também há serviços especializados em cada distrito sanitário. Para quem precisar, os medicamentos também são gratuitos.

As situações de risco de infecção basicamente se resumem em quatro meios de transmissão: contato com o sangue de uma pessoa infectada; relações sexuais sem proteção (sem camisinha) com uma pessoa infectada; da mãe HIV positiva para o filho; amamentação por uma mulher HIV positiva. Por isso, prevenir ainda é o melhor remédio e nunca se deve compartilhar instrumentos perfurocortantes (como alicates de unha, agulhas e seringas, etc.) e deve se usar camisinha nas relações sexuais no caso de parceiros que não são 100% monogâmicos. No pré-natal as gestantes são incentivadas a testar para o HIV e em caso de resultado positivo, se seguirem as orientações e procedimentos médicos há 99% de chances do bebê passar a ser HIV negativo em até 6 meses depois do nascimento.

Em Curitiba houve 13.062 casos de aids e HIV notificados entre 1984 e 2012, sendo 8.785 masculinos, 4.272 femininos e 5 desconhecidos. Desde o final da década de 1990 a razão entre os sexos tem-se mantido estável: 2 casos masculinos para cada 1 caso feminino. A maior categoria de exposição é a relação sexual, tanto para homens quanto para mulheres. Preocupa a tendência de crescimento de casos na categoria homo/bissexual nos homens jovens com idade entre 15 e 24 anos, tendência esta observada no Brasil inteiro.

Dia Internacional contra a Homofobia e Transfobia

No dia 17 de maio, também comemora-se o Dia Internacional contra a Homofobia e Transfobia. A data consta nos calendários oficiais de Curitiba (Lei 12217/2007), do Paraná (Lei 16454/2010) e do Brasil (Decreto Presidencial de 04/06/2010). A data foi escolhida porque em 17 de maio de 1990, a 43ª Assembleia Mundial da Saúde, órgão máximo de decisão da Organização Mundial da Saúde, aprovou a retirada da homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças. A nova classificação entrou em vigor entre os países-membro das Nações Unidas a partir de 1º de janeiro de 1993. Às 9 horas da segunda-feira dia 20 de maio, na Câmara Municipal de Curitiba, farão uso da palavra na Tribuna livre a Dra. Ana Carla H. Matos e o Prof. Leandro Gorsdorf, ambos professores da Universidade Federal do Paraná especializados nos direitos da população LGBT.

Histórico da Vigília

A Vigília da Aids (AIDS Candlelight Memorial em inglês) está completando 30 anos. A primeira foi realizada em 1983 em San Francisco, EUA, com o objetivo de dar visibilidade à doença, desmistificá-la e relembrar as vítimas. O ato, uma marcha, foi realizado à noite com velas e atraiu a participação de milhares de pessoas. Desde então, a Vigília ganhou força é passou a ser realizada no mundo interiro, sempre em data próxima do terceiro domingo de maio.

Em Curitiba, o evento está completando 20 anos. A primeira Vigília ocorreu em 1993 em ato ecumênico realizado na arquibancada das ruínas de São Francisco pelas organizações não governamentais que trabalhavam com a temática da aids àquela época em Curitiba, junto com as Secretarias Municipal e Estadual da Saúde.