A influência da felicidade na saúde do indivíduo será tema de debate

O Globo – 11 de novembro de 2012

Evento é o último do ano da série Encontros O GLOBO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define felicidade como “completo bem estar físico, mental e social”, um estado quase impossível, coisa de super-herói. Na vida dos reles mortais, saber em que momento os humores passam a afetar a saúde já é um desafio e tanto para médicos e pacientes. Essa relação da medicina com a qualidade de vida será o tema da oitava edição dos Encontros O Globo Saúde e Bem-Estar, que debaterá também a afinidade entre os dois conceitos ao longo dos anos e as responsabilidades dos profissionais de saúde no incentivo a práticas preventivas.

O evento será realizado no próximo dia 14, quarta-feira, às 17h, na Casa do Saber e contará com as palestras da especialista em psicologia clínica pela PUC-Rio, Luísa de Castro Costa e do psicólogo organizacional João Ascenso, professor da Fundação Dom Cabral. A mediação será da jornalista Ana Lucia Azevedo, editora de Ciência e Saúde do jornal O GLOBO, e a coordenação, do cardiologista Cláudio Domênico, membro da Sociedade Europeia de Cardiologia.

– O foco do encontro será o modo como a questão da felicidade tem obtido espaço na medicina nos últimos 10 anos. Percebo cada vez mais pessoas nos consultórios que buscam uma melhora de vida e associam a saúde a isso – explica Domênico, que chama a responsabilidade para os médicos. – Precisamos estar preparados para esta relação, a cada momento mais relevante no contato com o paciente.

Domênico lembra de estudos realizados nos últimos anos que indicam a influência genética na depressão. Dois trabalhos de 2011, por exemplo, mostram que o cromossomo 3 está ligado ao problema que afeta ou já afetou cerca de 5% da população mundial, de acordo com a OMS. Os trabalhos, no entanto, não conseguiram sucesso em isolar o gene específico que causa a enfermidade.

– De qualquer modo, já há bons indícios que sugerem uma necessidade de cuidado com o problema. Tratamentos psicológicos ajudam a melhorar a qualidade de vida do paciente e também a saúde – garante Domênico. – Mesmo uma insatisfação menos grave que a depressão pode afetar o indivíduo. É importante que os médicos incentivem o cultivo da felicidade.

A tristeza, de fato, pode afetar diretamente a saúde. Entre os sintomas mais recorrentes, indisposição, diminuição da libido, falta de memória, redução da concentração, insônia e perda de apetite.

– Não é raro identificarmos um câncer em um paciente e, ao cruzarmos com o histórico, descobrirmos alguma experiência muito traumatizante no passado. Há diversas pesquisas em curso que buscam aprofundar a relação entre o humor e o organismo – conta Domênico. – Há, inclusive, a psicologia positiva, um movimento que visa fazer com que os médicos tenham uma visão mais aberta das motivações humanas.