Aids ainda é principal causa de morte e de perda do PIB no continente africano

Segundo um novo relatório do Banco Mundial divulgado no dia 14 de maio, será preciso que os países africanos continuem promovendo esforços de prevenção contra o HIV, a fim de parar e reverter a taxa de novas infecções por este vírus; e o HIV/aids continuará sendo, no futuro previsível, um desafio econômico, social e humano na África subsariana. A região ainda é o epicentro mundial desta doença.

De acordo com o novo relatório – The World Bank`s Commitment to HIV/Aids in Africa: Our Agenda for Action, 2007-2011 (O Compromisso do Banco Mundial para com o HIV/aids na África: nossa agenda para ação, 2007-2011) – para cada africano infectado que inicia a terapia anti-retroviral (ART) pela primeira vez, outros quatro a seis contraem nova infecção, muito embora as cifras regionais indiquem queda da prevalência em países como Quénia e partes de Botswana, Costa do Martim, Malawi e Zimbabué.

Cerca de 22,5 milhões de africanos são soropositivos para o HIV e a aids é a principal causa de morte prematura no continente, especialmente entre jovens em idade produtiva de ambos os sexos. Devido a isto, algumas empresas privadas na África austral contratam dois empregados para cada emprego, na previsão de perdas de pessoal devido à doença.

Na definição de seus planos para continuar a ajudar os países africanos a combater a epidemia, a nova estratégia do Banco Mundial diz que mais de 60% das pessoas com HIV na África são do sexo feminino e que as mulheres jovens têm seis vezes mais probabilidades de serem soropositivas do que os homens jovens. Outros resultados da epidemia indicam que um total estimado de 11,4 milhões de crianças menores de 18 anos perdeu pelo menos um dos pais.

“Com a Aids como a principal causa de morte prematura em África, não podemos falar em desenvolvimento melhor e mais durável ali sem nos comprometermos também a manter o nosso curso na prolongada luta contra a doença”, diz Elizabeth Lule, Gerente da Equipe de Aids do Banco Mundial para a África (ACTafrica), cujo grupo manteve, para definição da nova estratégia do Banco para a epidemia de aids na África, amplas consultas com países africanos, portadores do HIV, organismos da ONU, ONGs, empresas privadas e outros. Desde 2000, o Banco Mundial mobilizou mais de US$ 1.500 milhões para combate à epidemia em mais de 30 países da África subsariana.

Novas etapas até 2011

Com a sua “Agenda para Ação” contra o HIV/aids na África, o Banco está abandonando o seu papel inicial de “reação de emergência”, como principal financiador de programas de HIV/aids, em favor de uma nova missão com quatro novos objectivos estratégicos.
Tais objetivos são: no plano mundial, assessorar os países quanto à melhor maneira de gerir a complexidade do financiamento internacional que recebem; e no nível local, ajudar os países a acelerar a implementação e adoptar uma resposta de desenvolvimento de longo prazo em face do HIV/aids; fortalecer a monitorização e avaliação da capacidade dos países para estabelecer a eficiência, a efetividade e a transparência da sua resposta à epidemia; e formar sistemas sanitários e fiduciários mais fortes.

A combinação dos serviços de HIV/aids com os de saúde reprodutiva e materna, nutrição e outras doenças, como malária e tuberculose, viria corrigir um antigo defeito até agora observado em muitos programas nacionais de combate à doença. A “feminização” da epidemia e seus vínculos com a saúde sexual e reprodutiva, e a freqüência da infecção intercorrente com TB (e a forma emergente de TB amplamente resistente a medicamentos) e outras doenças oportunistas amplificam a importância de proporcionar serviços integrados de saúde à população.

Especificamente, o Banco ficaria comprometido a: proporcionar pelo menos US$ 250 milhões por ano a iniciativas contra o HIV/aids, baseadas na demanda dos países, e a instituir um fundo de incentivos concessionais de US$ 5 milhões por ano, para promover o fortalecimento de capacidade, análise e componentes de projetos em setores-chave tais como saúde, educação, transporte, gestão do setor público e outros projetos setoriais.

“Após 25 anos, chegou a hora de aplicar as lições da experiência e intensificar o que está a dar certo. Com a sua Agenda para Ação, o Banco Mundial reafirma o seu antigo compromisso de ajudar os países associados a atingir o acesso universal à prevenção, tratamento, atenção e apoio a portadores do HIV, integrando a aids nas suas agendas nacionais de desenvolvimento, intensificando as respostas e fortalecendo os sistemas nacionais”, diz Peter Piot, Diretor Executivo do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (Unaids).

 

Fonte: Banco Mundial, veiculada Portal ONU Brasil