Carlos Fidelis: A saúde como eixo da democratização do Brasil

O presidente eleito Carlos Fidelis falou ao programa de entrevistas Pulso, do portal Outra Saúde. Na conversa, Fidelis, que tomou posse nessa segunda (13), abordou a Saúde como eixo estruturante da democracia brasileira. Para ele, algumas das prioridades do governo eleito devem ser “a recuperação da capacidade de ação do ministério da Saúde em áreas cruciais como a imunização, farmácia popular, entre outros”. Veja a matéria de Gabriel Brito publicada no portal Outra Saúde a seguir.

Carlos Fidelis e Lenaura Lobato, presidente e vice-presidente do Cebes debatendo os rumos da entidade

Novo presidente do Cebes fala ao Pulso, programa em vídeo de Outra Saúde. Para ele, os movimentos sociais e o avanço do SUS podem ser instrumento poderoso de isolamento da extrema-direita. Mas novo governo terá enormes desafios

A disputa pelos rumos de uma sociedade passa pela elaboração de projetos políticos e ideológicos que reúnam forças suficientes para guiá-la até um determinado destino. Partidos, movimentos sociais, sindicatos, meios de comunicação são as instituições que concretizam os espaços onde essa luta será posta em marcha. Na saúde, não foi diferente e grupos de trabalhadores e ativistas organizados estão por trás da constituição de nosso sistema público de saúde, o maior sistema universal do mundo.

A segunda edição do programa de entrevistas Pulso, exibida em nosso canal no Youtube, trouxe ao público a história de um destes grupos. Trata-se do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, o Cebes, entidade fundada em meio à ditadura militar, momento nascente do movimento sanitarista brasileiro moderno. Recebemos seu presidente recém-empossado, Carlos Fidelis Ponte, historiador e mestre em Saúde Coletiva.

O Cebes é uma instituição criada com a finalidade de promover o debate sobre a saúde em seu sentido mais amplo, é um dos berços do movimento de Reforma Sanitária que alcançou o sucesso em dois grandes momentos: na 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986; e na Constituição de 1988, onde foi incluída a saúde como um dever do Estado e um direito do cidadão, ‘garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação’”, contou.

Na conversa, Fidelis aborda o SUS como um instrumento decisivo para a democratização real do Brasil. Não apenas como um direito constitucional em si, o que já é fundamental, mas como um gatilho da própria organização socioeconômica de uma economia periférica e dependente que se encontra em longa estagnação, como explica Fidelis com riqueza de detalhes no vídeo.

O novo presidente do Cebes também avança na crítica ao atrelar as ameaças à democracia que cada vez mais rondam o Ocidente com os próprios movimentos do mercado, cada vez mais autoritários, corruptores e alheios às flagrantes necessidades populares.

E, se de um lado existem entidades que pensam a saúde por um prisma progressista, também há quem a veja com os olhos da direita neoliberal. É o que visam fazer entidades como os Institutos Todos Pela Saúde e de Estudos para Políticas de Saúde, que tem Armínio Fraga entre seus fundadores.

A direita vê a saúde como mercadoria. Uma área estritamente biomédica e de atenção quase restrita aos indivíduos atomizados. O coletivo só interessa como potencial de consumo de drogas e serviços. Para a direita o campo da saúde é um imenso mercado a ser explorado. Não vejo a direita no Brasil fortalecendo verdadeiramente um sistema público de saúde como o SUS ou adotando um conceito de saúde como o nosso”, sintetizou.

Mas em meio às elaborações sobre uma democracia a ser atingida, há a vida real e imediata. Eleito sob fortes esperanças de retomada de um projeto de bem estar social, o governo Lula e seu ministério da Saúde se veem cercado de inúmeros desafios e limites políticos. E, como debatido no Pulso, o avanço do SUS é um instrumento poderoso de isolamento da extrema-direita brasileira.

As prioridades da nossa ministra devem ser a recuperação da capacidade de ação do ministério da Saúde em áreas cruciais como a imunização, farmácia popular, entre outros. Gostaria de chamar a atenção para aquilo que considero como uma necessidade urgente e um grande desafio, que é zerar as filas e promover um acesso universal e de qualidade aos serviços de saúde nos seus vários níveis e de forma integrada”, analisa Carlos Fidelis.

Veja no portal Outra Saúde a matéria escrita por Gabriel Brito. Assista no link ou a seguir a conversa: